Com grande preguiça e muita apreensão com a previsão de forte tempestade deixei o quarto às 7:40 h para ir à rodoviária. O maior motivo para visitar Pyrgos é conhecer a zona arqueologica de Olímpia, origem dos Jogos Olímpicos na Antiguidade. A distância até as escavações é de uns vinte quilômetros e caminhar estava fora de cogitação. A frequência dos ônibus é razoável e, excluindo os com saída muito cedo, a partida mais cômoda era a das 8:30 h. Para a seguinte teria que aguardar duas horas. Aproveitei para comprar também a passagem de volta, com horário aberto, que dependeria das condições meteorológicas e turísticas que encontrasse no parque. Além das moscas eu tenho alta tendência de atrair fumantes. Foi o que aconteceu no terminal rodoviário enquanto aguardava o embarque. Quando escolho um lugar para sentar minha volta fica coalhada de poluidores do meu ar. E quanto mais fedido mais eles gostam. Também não há falta de viciados em tabaco na Grécia para substituir os que resolvem mudar de banco ou continuar com os afazeres em outro local. O motorista levou mais de 50 minutos percorrendo vias internas e recolhendo e largando viajantes, porém a lotação nunca passou de 15 passageiros. A primeira visita, que durou uma hora, foi ao Museu Arqueológico, onde estão em exposição artefatos dos diversos períodos no desenvolvimento do Santuário. No caminho para as ruínas fiz um desvio para visitar o jardim que apresenta vegetação descrita nos clássicos e relacionada aos mitos gregos. Foi lá que fiquei sabendo que o cipreste, símbolo de luto e dedicado ao deus Plutão, é a obra de Apolo, que transformou o jovem Cyparissus, a seu pedido, devido à tristeza por ter matado acidentalmente seu cavalo de estimação. Em outra passagem, o escritor Pausânias, no século II da era cristã, descreve como a madeira do plátano passou a ser usada nos sacrifícios a Zeus após ter sido utilizada pela primeira vez por Hércules em Olímpia. Outras várias histórias, como a que liga a oliveira à deusa Atena ou o arbusto trazido para a Grécia durante a guerra com os persas no século V a.C., tornam o recanto esquecido pelos visitantes uma preciosidade de fábulas botânicas. O passeio pela atração principal nas escavações durou uma hora e meia. O santuário dedicado ao deus maior do panteão grego se desenvolve em torno do Templo que guardava a enorme estátua catalogada entre as Sete Maravilhas do Mundo Antigo, construída pelo mesmo Fídias do Partenon ateniense. Os vários edifícios serviam como local de culto ou de apoio aos atletas que vinham de todos os cantos do mundo grego durante um período de trégua a cada quatro anos. O ingresso inclue também a visita ao Museu da História dos Jogos Antigos, na saída do sítio arqueológico em direção ao centro da vila. Optei por não correr muito e ler com vagar as explicações dos paineis porque o próximo ônibus de volta para Pyrgos partiria apenas às 16:00 h. Fiquei admirado com o tempo de duração do jogos antigos, que sobreviveram por mais de mil anos. A previsão do temporal catastrófico não se confirmou, apesar das trovoadas e nuvens pesadas em uma parte do céu. Mesmo com o atraso de meia hora na chegada o motorista entrou na rodoviária de Pyrgos às 17:00 h, horário compatível com o que eu calculava. Deve ter feito um caminho menos tortuoso que não percebi porque caí no sono assim que a condução começou a sacolejar. Poderia ter descido dois pontos antes para ficar mais próximo do hotel mas resolvi comprar o bilhete para a viagem de quinta-feira e me livrar desse compromisso. Não acho que teria problema de fazer a aquisição na hora porém achei melhor me garantir com antecedência. Também pretendia pagar as diárias devidas no hotel mas ao ver que a recepção era monitorada pelo velho cego nem cheguei a mencionar o débito. Tateando os escaninhos ele encontrou minha chave e subi ouvindo música de elevador mais uma vez.