A última ilha, a última transferência, a última cidade, a última semana. Está na hora de começar a pensar nas próximas férias. Com o monte de milhas que eu tenho acumuladas na TAP, Lisboa ou Porto, com certeza, vão ser os destinos iniciais. Mas isso só vai acontecer no próximo verão europeu, a distantes dez meses. Por ora estou concentrado na mudança de base na própria ilha de Samos, por via rodoviária. A capital fica a apenas doze quilômetros de distância e havia planejado pegar o ônibus das 11:30 h. Por mais que demore o trajeto vou chegar bem antes do horário de registro das 14:00 h. Passei uma hora sentado na varanda apreciando o ambiente em que nada se altera a menos dos ponteiros do relógio da Catedral no Castelo de Licurgo. De vez em quando parte um dos poucos voos do aeroporto localizado nos limites da cidade. Não pode haver lugar mais tranquilo. Aqui não existe uma estação rodoviária. É apenas um abrigo na entrada do centro pela via principal. De acordo com o Manollis é só ficar parado esperando. Eu sempre fico na dúvida nesses momentos, com receio de não haver transporte e logo penso na utilidade dos pés. Apesar de curto o percurso envolve a travessia de uma montanha, o que seria extremamente cansativo estando carregado de bagagem. Sei que não vai chegar a tanto, porém a ansiedade não permite tranquilidade. A capital tem o nome oficial de Vathy, (leia vatí) porém todo mundo chama pelo mesmo nome da ilha, causando alguma confusão. Quando me aproximava da parada um veículo estava recebendo passageiros. Pela quantidade de gente pensei que o carro fosse estar cheio, porém deu para escolher dois lugares com facilidade. Como ainda estava muito cedo para o horário que eu escolhi acho que devia ser o anterior atrasado. Calculei que ia aguardar quase uma hora, mas vou chegar mais cedo ainda. De fato, cheguei pouco depois das 11:00 h e andei os 600 metros até a hospedagem rapidamente. Fiquei um pouco atrapalhado porque, mais uma vez, o mapa indicava a posição fora da localização real. Contudo foi necessário apenas percorrer mais alguns metros. Fui atendido pela recepcionista Maria que me deu a boa notícia de que o quarto já estava pronto e também me deixou pagar no ato. O hotel é um pouco mais elegante do que estou acostumado a frequentar e o valor da diária correspondentemente mais alto. No entanto, quando fiz a reserva, além de não encontrar muita opção, considerei que as noites finais poderiam ter algum conforto extra. A internet muito boa e a geladeira de tamanho razoável, apesar de meio barulhenta, são algumas vantagens. Um engano em São Paulo ao definir as datas implicou em ficar uma noite adicional. No final das contas não é tão ruim porque não vou precisar sair correndo no último dia. A confusão se deu porque a barca parte pouco depois da meia-noite, e terei que dormir durante a longa travessia noturna para Pireus. A informação da Maria, todavia, recomendava a utilização de táxi para chegar no porto do outro lado da baía. Achei que o embarque fosse no cais quase em frente ao hotel e essa foi uma das razões de ter escolhido a hospedagem. Todavia, pretendo, na minha ansiedade conhecida, sair com bastante antecedência e não vou esperar a noite chegar para deixar o quarto. Após me instalar desci às 13:30 h para começar o reconhecimento. Rodei por algumas ruas do centro e encontrei um grande e variado supermercado que não exigia muita caminhada na volta. Iniciei o contorno da baía pela avenida litorânea com o propósito principal de ter noção de quanto precisaria andar no dia da partida. Não chega a três quilômetros mas com as mochilas imagino que seja um pouco cansativo. Aproveitei o embalo e, como ainda tinha tempo, resolvi continuar até a primeira praia do lado do mar aberto, após a saída da baia. No trajeto havia algumas faixas de areia menos atrativas mas a praia Cedros onde parei é muito bonita. Poderia passar algumas horas lá com facilidade. Chão forrado de pedras e pouca gente são ingredientes que sempre dificultam minha decisão de seguir em frente. Pensei em continuar por outros quatro quilômetros até Kokkari (leia cocári) de forma a acelerar as próximas visitas, podendo recomeçar mais para diante. O horário, contudo, já estava ficando apertado e decidi retornar para o centro e me abastecer no mercado.