Levantei às 6:00 h para me preparar para a visita da primeira ilha na Croácia. Uma hora e meia mais tarde estava no guichê da empresa marítima no porto para confirmar se o arquivo com o código de barras que tinha no celular era suficiente para entrar no barco. Fiquei sabendo também que ainda faltavam 30 minutos para sua chegada. As pessoas ainda preferem carregar um bilhete impresso e eu sempre fico na dúvida se vão aceitar o meu eletrônico, apesar da propaganda que fazem pela desburocratização. Não teve problema nenhum. Ao contrário do que imaginava eles não trocam o atracadouro diariamente e a posição do meu embarque continuava sendo no local mais distante do terminal. A viagem para Vis tinha duração determinada em pouco mais de duas horas. Como não encontrei hospedagem adequada na cidade principal pelas cinco noites que pretendia ficar fiz a reserva na outra ponta da ilha, em Kamiža (leia camija). Até onde sabia um ônibus aguardava a chegada das naves para realizar a conexão de 20 minutos. Pelas pesquisas anteriores já havia notado que as caminhadas por Vis seriam exigentes. E o perfil da ilha observado na aproximação da balsa parecia confirmar. Os três pontos populacionais ficam em extremidades e para ir de um lado para o outro é necessário atravessar a espinha central, de 400 metros de altitude. Estava com grandes dúvidas sobre a viabilidade do exercício. As distâncias são curtas, porém os desniveis pareciam impraticáveis. A primeira dúvida ao entrar no porto era sobre o ônibus. Pouco antes da atracação vi um veículo grande se aproximando, o que me deixou aliviado. A preocupação com lotação também não foi duradoura porque, apesar da grande quantidade de passageiros que saíam sem carro da balsa, fui dos primeiros a abordar o transporte, que saiu em poucos minutos. Foi tudo bem rápido. A rota de ida é ingrime, porém com inclinação aparentemente suave. Pelo menos pelo que deu para perceber de dentro do ônibus. O outro lado, contudo, era percorrido por uma via serpenteante que parecia não ter fim. A impressão de dificuldade de deslocamento a pé ficava mais nítida. O motorista encostou ao meio-dia e segui o traçado indicado pelo mapa eletrônico para chegar no Estúdio Ana Mari em poucos minutos. O temor de encontrar o lugar fechado, já que oficialmente só estaria disponível após as 14:00 h, não se confirmou. Fui recebido pela simpática proprietária, cujo nome não ficou claro se é o mesmo da hospedagem. O quarto é enorme e ganhei um generoso pedaço de bolo e um litro de suco de laranja como brinde de boas-vindas. Ela não aceita cartão e tive que pagar com uma combinação de euros e kunas. Às 13:00 h estava pronto para a visita inicial. Após atravessar o pequeno centro segui pela orla para apreciar algumas praias e paisagens e me deparei com uma trilha que sobe o bosque dos fundos da cidade. Havia alguns degraus de pedra e, nas partes mais íngremes, com solo coberto de agulhas ressecadas de pinheiros. Resolvi descalçar os chinelos para não ser surpreendido por escorregões. Com a rota nivelada pude continuar por um caminho de terra de boa largura que, segundo o mapa, chegaria a um mirante. Depois de alguns metros e como a trilha estava ficando muito estreita e precipitosa, decidi dar meia-volta, satisfeito com os panoramas esplendorosos da bela cidade descortinados do alto. Apesar de bastante pitoresca Komiža fica num buraco cercado de água na frente e por altas montanhas ao redor. Vou precisar suar muito para sair daqui se pretender utilizar meus métodos convencionais. Retornei ao centro para verificar as praias do outro lado. Além de muitos bares e restaurantes a cidade oferece bem pouca estrutura. Os dois mercadinhos que encontrei não passam de uma porta de largura com uma falta de produtos assustadora.