29/jun/18

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01/jul/18

Tudo indicava mais um dia maravilhoso. A previsão coincidia com a visão da janela e da cobertura, todas apontando para uma jornada bastante ensolarada. Não pretendia me esforçar muito, apenas conhecer algumas praias remanescentes nas proximidades do hotel e em volta do aeroporto. Pelos cálculos os deslocamentos não deviam ser longos ou com grandes desníveis. Saí as 7:30 h para seguir dessa vez ruas desconhecidas até a saída do centro e início do primeiro trecho de rodovia. Por mais básico que seja o roteiro não dá para evitar morros com subidas íngremes e longas. O trecho inicial, que seguiu pela estrada mais fácil que deveria ter pegado para ir ao Mosteiro Evangelistria, foi muito instrutivo porque proporcionou a visualização dos caminhos que percorri ontem pelas montanhas a partir da base e de um ponto mais panorâmico. Pude observar o Pico Mytikas, a região dos dois monastérios e as belas escarpas que protegem o fundo da praia Lalaria, tudo numa paisagem contínua. Encontrei a praia ideal em Skiathos. Pelo menos até aquele momento, já que havia mais duas no itinerário a serem verificadas e que iriam aguardar algumas horas. Nikotsara é pequena e isolada, mas tem acesso fácil. É cercada por uma paisagem espetacular e apresenta duas pontas rochosas que entram no mar. O único reparo é que as pedras que forram a curta extensão ao longo do mar são minúsculas, não muito maiores do que grãos de areia. Cheguei às 9:15 h após quase duas horas andando devagar e fazendo muitas paradas. O isolamento não durou muito tempo mas acho que eu tinha o direito de primazia por ter chegado primeiro. Ao menos ninguém ousou fincar um guarda-sol. Por volta de 10:30 h uma fila de barcos, grandes e pequenos, passava pela entrada da enseada para visitar os pontos de interesse mais adiante, especialmente a fortaleza do Kastro e a praia de Lalaria. Não tive coragem de entrar na água além do joelho e às 14:00 h, não aguentando mais ficar parado sem fazer nada, comecei a me aprontar para ir em direção ao novo destino, a praia vizinha de Mega Gyalos (leia mega ialós). Para tanto precisava fazer um grande contorno de cinco quilômetros pelo interior que levou uma hora e meia para ser percorrido. A descida era a pior pirambeira que já havia visto. Em diversos pontos do trajeto descendente pensei em desistir até que o caminho virou o leito de um córrego. Uma dessas quase desistências teve origem no portão que atravessava a estrada. Já mais acostumado com esse truque percebi que ele estava ali apenas para limitar a passagem de quem não consegue abrir. Achei que com as pedras do rio tivesse chegado ao final da linha mas não me conformava de ter ido até cincoenta metros da praia e não pisado na areia escura misturada a pedregulhos. Elevei meu nivel de adrenalina e enfrentei os obstáculos. Quando finalmente cheguei só havia eu e as gaivotas. Acho que elas não devem ser perturbadas com frequência. De volta à rodovia de terra no topo ainda não podia crer que tinha ultrapassado em tanto o meu nível de dificuldade. A última parada seria na praia da cabeceira do aeroporto e não previa mais nenhuma situação assustadora. Antes de descer para o nível da pista de pouso entrei em mais uma trilha de cujo final pude apreciar a praia recém visitada e o inacreditável precipício pelo qual despenquei. A praia Xanemo difere da análoga caribenha dividida entre França e Holanda no sentido de que aqui a pista está muito acima da cabeça dos banhistas. A cabeceira oposta, onde estive no primeiro dia, permite mais proximidade com as aeronaves, apesar de não haver praia daquele lado. Imaginava um dia mais calmo porém as ladeiras foram até mais inclinadas do que nos dias anteriores, embora um pouco mais curtas. A visita à praia Mega Gyalos, contudo, superou todas as aventuras até agora.