Já estava tudo arrumado e eu esperava deitado na cama pelo horário de deixar o quarto, que tinha convencionado ser 8:30h. No entanto, uma hora antes, um dos barcos da companhia de navegação passou pela varanda vindo do continente e eu tomei isso como um sinal para adiantar minha saída. Após a emocionada despedida por parte da Elena os 45 minutos que levei para chegar no porto foram suficientes para que o navio que havia passado sob a janela já tivesse partido novamente. A minha saída, no entanto, estava marcada para as 10:15 h e teria ainda duas horas de espera. Após mais de uma hora, obervando que todo mundo que chegava entrava no barco estacionado e que não havia outro se aproximando no horizonte, resolvi perguntar no quiosque de vendas da empresa se estava tudo correto. Fui informado de que o navio havia sido trocado e que a minha condução era a que já estava recebendo passageiros. Não precisei correr muito porque ainda havia tempo de sobra e, apesar do movimento, a nave era bem grande, com lugar para todos. Como não havia seção com poltronas de avião larguei as mochilas sobre um sofá num canto do salão principal e fui reconhecer as dependências. Havia um solário na coberta superior contudo apenas os bancos coletivos estavam disponíveis. Os degraus que conduziam à área maior, com diversas cadeiras de plástico, eram bloqueados por uma corrente. Fiquei assustado com a quantidade de gente que ocupava os salões inferiores na hora do desembarque. A lotação parcial do andar ensolarado não permitia prever tantos viajantes. Às 11:45 h desci no terminal de Killini e atravessei a rua para comprar a passagem de ônibus para Pyrgos (leia pírgos). Fiquei com a impressão de que teria que trocar na parada seguinte. De fato, meia hora depois o motorista parou em Lechena (leia lerrená) de onde a conexão partiria dentro de quarenta minutos. Com o atraso de dez minutos e passando por estradas interiores o pinga-pinga chegou em Pyrgos às 14:30 h e precisei de mais vinte minutos de caminhada para entrar na recepção do Hotel Pantheon. A recepcionista, na flor da terceira idade, parece que ficou meio braba quando eu disse que não precisava das explicações do ar-condicionado que, muito provavelmente, não iria utilizar e empurrou os controles junto com o papel manuscrito com a senha da rede para o meu lado do balcão. Também não quis receber o pagamento adiantado. Mas foi gentil em abrir a porta da mistura de elevador e discoteca espelhada para que eu entrasse. O quarto é muito bom e a ligação com a internet parece ótima. Uma boa novidade em relação aos sete dias de instabilidade frequente em Zakynthos. O único problema foi escrever a palavra secreta. Tentei de todas as maneiras várias combinações, com espaços e maiúsculas, mas não teve jeito. Desci para verificar a correção do que estava digitando e fiquei sabendo que haviam colocado um hífen a mais no lembrete escrito à mão. Solucionado o enigma, o acesso foi a jato. A cidade está localizada a seis quilômetros do litoral e, como já estava muito tarde, não deu para fazer o passeio pelas praias que havia planejado. Tive que me contentar com um rápido giro pelo centro. Não acreditava que Pyrgos fosse ser um poço de atrações e estava correto. Pouco mais de uma hora foi suficiente para dar a volta na região central admirando diversas igrejas e prédios públicos, o Museu Arqueológico fechado depois das 15:00 h, além de parques e praças. As ruas, no entanto, eram um deserto. Espero que haja algum movimento no final do dia porque seria uma pena uma cidade pequena porém tão bem cuidada não merecer o carinho de habitantes e visitantes. Passei num supermercado a poucas quadras do meu abrigo por três noites mas não pude comprar muita coisa, seja pelo prazo curto de permanência ou especialmente pelas dimensões extremamente acanhadas do refrigerador. Ao voltar para a hospedagem um fato muito intrigante ocorreu. Quando saí para o passeio às 16:00 h, já havia sido feita a troca de recepcionistas. Na volta recebi a chave da nova atendente e fui para o quarto. Estava ávido por beber o litro e meio de chá verde que havia guardado na micro geladeira, contudo ele não estava mais lá. Fui ouvir mais um pouco de música no elevador e, dessa vez, o balcão no térreo era comandado por um grego que, se não era completamente cego, devia ter muita dificuldade em enxergar, tateando tudo ao seu redor. Durante o tempo em que estive em sua presença foram diversas as trombadas nas paredes. O inglês que ele falava não resolvia muita coisa, mas conseguiu pedir para eu esperar até que a funcionária voltasse. Depois que ela entendeu minha reivindicação, da qual tentava se desvencilhar, houve uma troca de frases em grego que eu, obviamente não entendi. Após alguns minutos ela voltou com a minha garrafa pedindo desculpas pelo engano. A minha suposição é que o grego, ao colocar duas garrafas de água de cortesia, levou embora o chá. Pela cara da recepcionista o cego deve aprontar algumas confusões e eles o aturam porque não há nada além a fazer. A transmissão das informações para o servidor foram quase instantâneas.