Voltei para a cama depois do café da manhã e só saí, apesar da preguiça, às 10:30 h. A caminhada para o centro era bem curta, de menos de dois quilômetros, e a primeira atração foi a Catedral. Apesar do estilo gótico, ela era recente, do final do séc. XIX. Estava completando 100 anos do término de sua construção. O órgão, pelo qual pude ouvir duas composições, era ainda mais novo, de 1968 e de origem dinamarquesa. Linz foi escolhida para ser capital europeia da Cultura em 2009. Eles criaram um programa de Eremitagem, pelo qual o candidato poderia passar uma semana isolado numa das torres. Antes da construção do novo templo, as funções de catedral eram desempenhadas pela Igreja Santo Inácio, dos jesuítas, na qual Anton Bruckner foi organista e maestro do coro entre 1856 e 1868. Não devia ser agradável uma comunidade religiosa ter suas atribuições transferidas para outra instituição com tamanha perda de status. Aproveitei para ouvir o ensaio de uma frase de voz ao órgão. Dei uma volta pelo pátio interno da Assembleia do Estado, cuja edificação teve início no séc. XVI e que era coroada por uma bela Torre de Relógio. Junto com algumas ruas do entorno, abrigava algumas barracas e quiosques para um festival de vinhos. A igreja seguinte foi a da Paróquia de Linz, com a ornamentação exagerada do estilo barroco. Numa passagem ficava a casa em que morou Johannes Kepler entre 1621 e 1626 e onde terminou seu principal trabalho astronômico Tabulae Rudolfinae. O título da obra, como era comum na época, era uma homenagem ao patrono Imperador Rodolfo II. Ele também foi professor de matemática na Universidade de Linz. Outro visitante famoso da cidade foi Mozart, que esteve aqui em 1762 e compôs uma sinfonia. Voltei para o museu do castelo para comprar o segundo tomo de uma história que havia adquirido em Hallstatt e pude ver uma maquete de Linz em bronze no vão livre do ala nova. O castelo sofreu um incêndio em 1800 e o fogo se propagou pela cidade toda. Na visita ao museu havia me chamado a atenção um teto abobadado numa das salas que estava totalmente queimado. Como já havia escutado a história antes, quis mostrar minha sabedoria para a monitora, perguntando em alemão se aquelas eram marcas do incidente. Ela confirmou mas não pareceu ter ficado impressionada com a minha arrogância. A versão em escala apresentava a situação antes da tragédia. Já que ainda estava muito cedo, resolvi acrescentar alguns quilômetros fazendo um passeio de ida e volta pela marginal ensolarada do Rio Danúbio, de olho nas nuvens. Diversos pontos gramados serviam de praia para os cidadãos, que chegavam a entrar na água. Com isso encerrei a visita a mais uma bela e cara cidade austríaca.