27/jun/25

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29/jun/25

Não passei muito frio no chão entre duas fileiras de assentos, mas o sono foi curto. O problema foi depois arranjar lugar para todas as camadas de roupa na mochilona. Às 5:30 h já estavam anunciando a chegada. Meia hora depois deixei o barco e iniciei a caminhada de quatro quilômetros até a estação de trem, passando pelo amplo calçadão de Civitavecchia em torno do Forte Michelangelo. Comprei a passagem de Roma para as 7:00 h, mesmo com o problema de chegar cedo demais para entrar no hotel que abria o registro apenas ao meio-dia. Enrolei um pouco na Estação Termini, verificando as conexões e sentando num dos raros bancos com espaço do saguão. Não aguentei muito. Fui para o exterior, sentar em outro banco, de concreto ao contrário do anterior de madeira, e também desisti. Resolvi andar até o alojamento e ver o que acontecia. O Hotel Lazzari, em que já havia estado nos dias iniciais, era um dos que não faziam questão de horário. Após o pagamento recebi as chaves e pude subir ao quinto andar no elevador minúsculo. Para evitar o transtorno encontrado para chegar na recepção do segundo andar, quando não conseguia virar por causa da mochilona pendurada nos ombros, decidi entrar de costas. Havia um cartaz na porta gradeada de saída pedindo para fechar tanto a externa quanto a interna sob pena de a gaiola não funcionar para os demais usuários. Estava com vontade de continuar o sono suspenso abruptamente, mas era impossível dispensar um dia ensolarado em Roma. Após o procedimento corriqueiro de instalação no quarto, enquanto aguardava novo carregamento da bateria do celular, deixei as instalações às 10:30 h, sem destino fixo. Passei por alguns projetos artísticos nas ruas e praças e entrei na Igreja de São Silvestre. Subi uma escadaria que me deixou na Igreja Trinità dei Monti, em frente à qual estava instalado o Obelisco Sallustiano, construído na época imperial simulando o estilo egípcio. Em frente ficava outra escadaria, mais famosa, a que conduzia à Praça de Espanha. Dali se podia ver a Barcarola, nome popular da Fonte da Barcaccia, elaborada pelo artista Bernini, no começo dos anos 1600 e a Coluna da Imaculada. Segui até o Mausoléu de Augusto, que estava passando por uma longa restauração. Foi inaugurada recentemente a Esplanada que ficava na frente, mas o museu ainda devia demorar. Num dos lados do monumento ficava o Vero Alfredo, que imaginei se tratar do original. Na realidade parecia que dois restaurantes brigavam pela primazia. Atravessei o Rio Tibre pela Ponte Cavour, que levava à praça que homenageava o político e industrial ativo nos Reinos da Itália e da Sardenha antes da unificação italiana de 1865. Ao lado ficava o Castelo de Santo Ângelo, que sempre me atraiu mas nunca tive oportunidade de conhecer. Desta vez aproveitei a fila pequena e comprei o ingresso meio caro. Criado inicialmente como tumba da linhagem do Imperador Adriano, o edifício passou por diversas funções, sendo utilizado também como fortaleza para defesa da cidade, prisão durante o período da unificação, palácio de papas, o principal deles Paulo III, grande mecenas da Idade Média e, finalmente, museu. São Miguel no alto era um agradecimento do Papa Gregório, o Grande por ter testemunhado a aparição do anjo em meio um clarão revelando o fim da peste, simbolizado pela espada virada para baixo. O terraço no topo oferecia uma visão maravilhosa de 360 graus da Cidade Eterna.