Com o clarear do dia pude perceber que as nuvens não estavam tão adensadas quanto temia e deu para renovar a esperança de chegar seco ao terminal. O trem para Blois (leia bloá) saía às 11:00 h e a duração da viagem estava estimada em apenas 40 minutos. Como o hotel começava a receber a partir do meio-dia, não via dificuldade com a proximidade de 500 metros escolhida para o alojamento. Levantei acampamento às 8:30 h. A caminhada de 2 quilômetros em 30 minutos desde o hotel até a estação não foi suficiente para aquecer a sensação gelada do ar de 11°C. No caminho atravessei a Praça Martroi, onde já estava sendo montado novo evento. Na ferroviária, entrei na rede Wifi e não foi pedido novo cadastro. Talvez porque eu já a tenha utilizado neste local. Teria experimentado me identificar com um ano de idade, caso tivesse sido necessário. Como tinha muito tempo, resolvi fazer alguns testes. Peguei o tablet na mochilinha e tentei fazer o que não conseguia no hotel. Inicialmente o Wifi pediu novo cadastro, provavelmente porque não conhecia o aparelho. Não aceitou 5 meses, mas funcionou com 10 anos. Como desconfiava, o problema era com a rede do hotel. Pude ativar todas as funções sem problema, como no celular. Só ficou o estresse de não saber o que estava acontecendo até o momento da confirmação definitiva do responsável. Cansado der esperar, fui ao centro de compras ao lado para ver se encontrava uma livraria com títulos sobre a história de Orléans. Só tinha lojas de roupa. O trem regional de 2 andares chegou com antecedência de 20 minutos. Larguei a mochilona no bagageiro perto da entrada e encontrei uma poltrona confortável na segunda classe. Logo de saída passou um funcionário distribuindo um formulário para aferir a satisfação com os serviços. Na chegada às 12:00 h iniciei no terminal a procura por informações de como chegar aos castelos da região. Não era das coisas mais simples. Se as distâncias não fossem tão exageradas poderia confiar nos pés. Mas tem que ir com algum veículo. Fui para o hotel e subi para reconhecer o quarto e tentar entender mais um pouco sobre os modos de deslocamento. Lembrei de um hotel na Repubica Dominicana, onde as pombas moravam atrás do fogão. Lá eu achei um jeito de interromper a passagem e elas ficaram para fora, sem me incomodar. Aqui elas já estavam do lado de fora e ficavam agarradas à parede e à janela. E gostavam de conversar. Percebi que a quantidade de mapas e páginas da internet não estava ajudando nem um pouco e resolvi planejar menos. O tablet gostou da rede e parece que não vou ter problemas nesta área. O céu continua totalmente nublado e ameaçando chuva, que ainda não aconteceu. Saí às 14:00 h para o passeio inicial pela cidade. A parada obrigatória óbvia era o castelo a menos de um quilômetro. Imaginei que ele deveria ficar num ponto alto e subi a primeira escadaria que vi pela frente. Constatei pelo mapa eletrônico, a posteriori, que estava indo para o lado errado. Então começou a garoar. Aguentei enquanto estava fraca. Quando apertou fui me abrigar na entrada do Castelo. Não tinha certeza de querer fazer a visita naquele momento e optei por aguardar a passagem da nuvem. Cansei de esperar em vão novamente e resolvi fazer a visita de uma vez. Não tinha ingresso para velho, mas o normal incluía um tablet, que funcionava como guia. A novidade era meio incômoda, com aquele peso no pescoço. Além disso era regra carregar a mochila no peito, não nas costas. Eram vários cômodos mobiliados para descobrir e alguns cartazes com informações históricas para serem lidos, além dos relatos no tablet. Passei duas horas vendo as camas de reis e rainhas e lendo sobre as traições políticas e rivalidades dinásticas. O local sofreu inúmeras alterações ao longo do tempo, incluindo avarias consideráveis durante as diversas guerras. A segunda fase da visita era uma volta pela enorme área que abriga os objetos de arte acumulados, já que muitos dos governantes foram dedicados mecenas. Na saída não havia mais chuva, porém o sol não apareceu. Andei um pouco pelo que chamam de bairro das Artes e não vi nada de especial. Blois deu as costas para o Rio Loire e não existia, pelo menos no trecho em que estive, nenhum parque agradável ao longo de suas margens. Parecia mais com o Tietê de São Paulo do que com o Loire de Orléans. Encontrei um ótimo supermercado não muito longe do hotel e providenciei o abastecimento de emergência.