Com o horário tardio de saída do ônibus de hoje pude passar uma hora extra na cama pensando no planejamento imediato e cochilando. A partida das 8:30 h para a praia de Falasarna (leia falássarna) era a primeira das apenas três diárias e isso se refletiria também no prazo da volta no fim da tarde. Uma hora de viagem deveria me deixar na longa faixa de areia um pouco mais para baixo de onde estive ontem e de onde poderia chegar à Sicília e ao Estreito de Gibraltar se saísse nadando perpendicularmente ao litoral. O começo da viagem estava indo bem rápido e achei que se tratasse de uma ligação expressa. Mas depois de quarenta minutos o motorista virou, como ontem, para o interior e começou a percorrer pequenas aldeias por estradas estreitas. Esse serviço era o que seguiria até o porto de Kasteli para a conexão com o passeio de barco de Balos e, ao chegar ao terminal rodoviário, uma funcionária entrou transmitindo a informação de que haveria uma interrupção de meia hora antes da continuação do trajeto. A lotação estava quase completa mas algumas pessoas optaram por esticar as pernas durante a espera. Houve um princípio de tumulto quando os gregos desencanados do banco de trás resolveram passear e um casal de folgados falando inglês ocupou seus lugares. Pensei em alertar para o fato de serem assentos ocupados mas achei melhor não me meter. Afinal, a amiga do grupo, que não havia saído, também ficou quieta. Com o retorno dos donos originais começou o bate-boca com os anglófonos se recusando a deixar as poltronas. O clima engrossou com algumas trocas de palavras ásperas até a parada seguinte no porto, onde os usurpadores desceram. Causaram um grande reboliço por causa de quatro minutos sentados. Existe uma regra tácita por aqui em que ninguém dúvida da palavra alheia nem se atreve a colocar os olhos sobre coisas que não são suas, não sendo necessário deixar marcas para assegurar a propriedade de algo. Isso funciona muito bem até o surgimento de forasteiros que não respeitam os costumes implícitos. Fiquei satisfeito por ter feito a opção correta para visita à praia de Balos ontem. No porto diversos ônibus de turismo deixavam seus passageiros para a abordagem do navio do passeio que, mesmo saindo apenas uma hora mais tarde, já estava bastante movimentado. Em terra e com alguns assentos vagos o motorista continuou o caminho para a última parada do roteiro. A praia de Falasarna não encantava como Elafonisi ou Balos, sendo um balneário decente porém tradicional. Sua longa extensão de areia era dividida em segmentos por agrupamentos de rochas que entravam no mar. Comecei a andar para o lado mais amplo porém logo mudei de ideia e segui na direção contrária para encontrar alguma pedra grande e plana o suficiente para me acolher. A primeira volta para Chania estava programada para a hora do almoço, muito cedo para ir embora. A opção que restou foi a das 17:20 h e estava temeroso de que o condutor fosse passar no porto para pegar os visitantes que retornavam do passeio. Não houve problema porque dois carros estavam disponíveis. Aquele em que fui admitido seguiu direto para o terminal, sem muitas paradas. O outro provavelmente faria a coleta dos navegantes.