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Vannes / Carnac - qua 27/jul/22 * 17,7 km * (51 fotos)Mais fotos:ÁlbumSlide showVídeos

Carimbo obrigatório das passagens - VannesConfiando na força do sol, saí às 8:40 h todo lambuzado de protetor. O céu estava bem mais aberto, mas o vento gelado continuava cruel. Arrisquei caminhar até a estação sem tantas camadas, porém não tive coragem de abandonar o casaco, que continua no saco. O passeio de hoje envolvia logística complicada. Poderia ser feito por trem ou ônibus, porém os dois modos exigiam troca de veículo na metade do caminho. Escolhi o trajeto ferroviário porque é mais confortável e estava mais familiarizado, além de ter horários mais convenientes. Provavelmente era um pouco mais caro e foi a compra que fiz na bilheteria ontem. Cada um dos trechos dura apenas 10 min ou 15 min e aEstação de trens - Carnac troca era de 30 min na ida e 8 min na volta. Havia duas alternativas para pegar o primeiro trem. Decidi pela mais tardia, que deixava o terminal às 10:37 h. A anterior, duas horas antes, envolveria sair do quarto muito cedo para completar os três quilômetros sem correr. Além do percurso motorizado, é necessária uma caminhada de cinco quilômetros para chegar no ponto inicial da visita. Carnac é um conjunto pré-histórico de grandes alinhamentos de rochas de construção anterior mesmo ao mais famoso megálito, o Círculo de Stonehenge, na Inglaterra. As pedras estão espalhadas por largas distâncias e a ideia inicial era fazer o deslocamento entre os diversos aglomeraEstrada com ciclovia - Carnacdos a pé. Como foi preciso pegar vários transportes, achei que seria ainda mais corrida e cansativa a visita. Teria, no entanto, a oportunidade de usar o serviço do pequeno trem para transportes curtos, que existe em quase todo lugar, num circuito de 50 min. Sempre encarei com desdém essa fórmula, que me parecia muito turística e meio infantil porém, no caso específico, pareceu uma boa opção. A previsão do tempo mostrava situação variável da cobertura de nuvens, contudo, não se cogitava de chuva. Aproveitei o tempo de antecedência para carregar os 10% da bateria que haviam sido gastos desde o hotel. Alguns minutos antes do embarque utilizei o carimbo disponível Trem turístico - Carnacna entrada das plataformas para executar a tarefa obrigatória, sob pena de multa pesada, que varia de acordo com a distância percorrida. Aparentemente estão atualizando as estações de trem da Bretanha. Assim como em lOrient, o terminal de Auray já aderiu à nova edificação, moderna, ampla e bonita. Quimper está em obras. Passei mais tempo parado do que viajando. O aplicativo gerou uma rota para pedestres toda torta. Além das curvas ele era representado por linha tracejada, o que levava a crer que podería não ser asfaltado, talvez uma trilha. Pelo mapa era possível distinguir a via dos carros, reta como uma flecha. Meu receio é que não houvesse calçada, tendo que Praia - Carnacdividir espaço com os carros. O primeiro quilômetro foi normal, com bons espaços para as pessoas. Depois não teve mais jeito. Andei pela contra-mão, empurrando os automóveis que, ao menos, não eram muitos. Após breve intervalo surgiu um acostamento estreito. Descobri na prática que era uma ciclovia. Pouco antes de chegar ao estacionamento de partida do trem, atravessei a trilha sugerida pelo aplicativo que, pelo menos naquele ponto, parecia adequada, apesar do chão de terra. Comprei o bilhete do trenzinho e ele saiu quase imediatamente. Primeiro deu uma volta pela cidade, foi para a praia próxima e depois para um porto no vilarejo vizinho. Foi no trecho final quDólmen - Carnace ele percorreu o motivo de fama de Carnac. Lá existe o maior conjunto de megálitos do mundo. O nome da cidade quer dizer Alinhamento, em bretão. E duas palavras da língua celta tipificam os monumentos. Existem os menires (pedra em pé) e os dólmens (pedra deitada). Uma quantidade enorme destes pedaços de granito, que se contam aos milhares e, em alguns casos, em toneladas, enfileirados nos três aglomerados principais, foram datados de 7.000 anos atrás, quando nem se pensava em pirâmides. Era a época em que os seres humanos passavam de caçadores/coletores para praticantes da agricultura e domesticação de animais. Os estudiosos não sabem qual o motivo ou intenção Menires - Carnacde sua disposição pelos povos neolíticos, mas as hipóteses mais correntes, como acontece sempre que os arqueólogos não sabem do que estão falando, seria devocional ou astronômica. Nesses casos eu sempre lembro da garrafa de Coca-Cola do Planeta dos Macacos, tida como objeto de culto. Os dólmens, por outro lado, tinham propósito mais definido. Os vários objetos encontrados em seu interior demonstram ser de uso funerário para os governantes importantes das tribos. Tinha vontade de andar um pouco para rever os monumentos mais de perto, mas acho que não teria dado tempo. Entrei na Casa dos Megálitos, pavilhão que faz um resumo histórico do sítio, seu redescobrimentoCasa dos Megálitos - Carnac e restauração. A maravilhosa livraria, especializada no período anterior à história escrita, não me deixou sair sem alguns títulos. A vontade era de comprar muito mais, mas o peso na mochila e no bolso ficaria proibitivo. Retornei para a estação ferroviária pela mesma rota da ida e, como estava um pouco adiantado, pude pegar o trem anterior ao escolhido, já que esta linha permite a entrada em qualquer composição durante alguns dias de um período especificado. Não adiantou muito porque tive que aguardar o segundo para Vannes, que era com hora marcada. De qualquer forma, completei o roteiro planejado quase que da forma original. O casaco apenas foi peso morto.