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| Halstatt - ter 27/ago/24 * 18,72 km * (72 fotos) | Mais fotos: | Álbum | Slide show | Vídeos |
Parece que os trovões e a chuva do fim da tarde de ontem espantaram as nuvens, no entanto eu não conseguia sair da cama. Mesmo vendo um pouco de sol pela janela, estava com uma preguiça imensa para iniciar o dia. A previsão acertou em cheio, mostrando que eu enfrentaria duas jornadas inaproveitáveis e uma razoável. O sol mesmo só deveria voltar amanhã. Escolhi o menos duvidoso dos três passeios que havia selecionado. Deixei a pensã
o às 11:30 h para andar pelo contorno do lago. Já havia descoberto ontem que uma ciclovia compartilhada com os pedestres seguia na direção desejada e logo iniciei o percurso plano e sem dificuldades. Vários parques estavam distribuídos ao longo da margem do lago, com muita grama e bancos. As montanhas estavam ainda mais espetaculares. O Rio Traun, acompanhado por quase todo o trajeto desde Salzburgo pelo trem, entrava pela extremid
ade mais distante do corpo de água e voltava a fluir para o interior a partir do meu destino, Obertraun. Como a distância não era tão significativa, estiquei a rota por mais dois quilômetros para alcançar a estação de trem em que havia chegado no primeiro dia. Consultando o mapa percebi que não teria sido tão disparatada a ideia de fazer o circuito completo. Mas, para tanto, teria que ser menos preguiçoso e iniciar o dia cedo. E ta
mbém precisaria ter a confiança de que o clima ajudaria. Era uma atividade para a próxima oportunidade em que estivesse na Áustria. Me surpreendi de não ver neve nos cumes das montanhas. Talvez não estivesse realmente tão perto dos Alpes, ou elas não fossem tão altas como pareciam. Quando estive em Pécs e descobri que a cidade havia sido capital europeia da cultura, fiz uma pesquisa para ver quem era a contemplada de 2024. Fiquei s
abendo que dessa vez três cidades europeias pequenas foram escolhidas. Uma na Finlândia, outra na Estônia e a terceira na Áustria! E não era em qualquer lugar da Áustria, mas em Bad Ischl, cidade vizinha a Hallstatt, onde ficaria. Hoje contudo, durante a caminhada, observei pelos totens comemorativos que não apenas ela seria sede anual, como todas as vilas da região que eles denominam Saltzkammergut, algo como Baú do Sal. Essa gran
de região lacustre foi muito importante no estabelecimento da civilização centro-europeia na transição da Idade do Bronze para a do Ferro, por volta do ano 600 antes de Cristo. Passei por uma instalação artística na beira do lago que imaginava ser parte da iniciativa cultural. Era uma cabana de ponta-cabeça, que, segundo a intenção do artista, representava a imagem refletida das montanhas no lago quando as águas estavam calmas. Alé
m disso ele usou um recurso comum no início do séc. XIX, em que ainda não havia sido inventada a técnica fotográfica, quando se usava a câmera obscura para gravar imagens. Um furo redondo, por um princípio da ótica, projetava numa tela a imagem invertida de qualquer objeto. Se a tela estivesse recoberta por uma solução química, a imagem ficaria registrada. Não satisfeito, ele ainda usou na parede externa da obra uma chapa de madeir
a contendo o nó natural em formato circular da árvore original. Outro fato interessante que encontrei no caminho foi o porto para transporte de carvão e sal. Em 1877 ficou pronta a ferrovia que era usada para trazer carvão dos centros produtores. Este, por sua vez, era carregado nos barcos tradicionais de fundo chato para chegar até a cidade na outra margem, onde era usado para a produção do sal nas minas. O produto final era então
devolvido para o lado da via férrea e de lá enviado aos centros consumidores. Na volta para Hallstatt tentei sem muita vontade, visitar o museu, do qual havia me esquecido. Ele fechava às 18:00 h e a última entrada era uma hora antes, bem no horário em que cheguei. Acho que poderia ter convencido a bilheteira a me admitir, porém já era muito tarde para absorver mais cultura. Era mais uma atração que ficaria para a próxima visita.