Fui o primeiro a entrar no refeitório às 7:00 h. Queria verificar a qualidade do café da manhã, apesar de não estar com fome nem com vontade de comer. Peguei apenas um iogurte de abacaxi e um pão com manteiga. Os italianos sempre comem coisa doce pela manhã e havia uma grande oferta de croissant polvilhado com açúcar. As frutas pareciam artificiais. Voltei para o quarto para tentar espantar a preguiça e definir o que fazer. A maior probabilidade era de passar o domingo caminhando pela cidade, que tem muitos parques e canais. Pouco antes das 8:00 h iniciei o percurso que me levaria a completar o circuito do anel fluvial de Pádua, uma sequência de trilhas ciclística que percorriam as proteções contra alongamento levantadas ao longo dos canais. Não era um passeio muito turístico mas deu para perceber que os padovanos gostavam de se exercitar nessas vias de terra. Ao meio-dia estava de volta nos Jardins da Arena, ao lado da Capela Scrovegni. A caminhada pelos canais continuou na parte da tarde mas com um viés um pouco mais urbano. Troquei as vias das bicicletas por calçadas e trilhas para pedestres pavimentadas. Andei ao longo de trechos de muralhas e atravessei portas medievais, observando o sistema de fortificações nas torres Rotonda e Impossível. As aberturas que me levaram de um lado a outro dos muros foram Portello, Savonarola e Moinho. Uma das famílias aristocráticas que governou a cidade no período medieval foi a dos Carrarese, que deixou sua rica residência como lembrança pela passagem na história. A torre alta do Castelo em que moraram virou sede do Observatório Astronômico, que permitia apenas visitas guiadas e previamente agendadas. Ao contrário da maioria das igrejas em que entrei, o interior da Catedral era quase totalmente desprovido de ornamentação. Em compensação, o Batistério ao lado contava com belas pinturas murais retratando episódios bíblicos feitas em 1379 por Giusto de Menabout, provável seguidor de Giotto, segundo os especialistas. Além dos palácios das dinastias abastadas do passado, Pádua pode se orgulhar de algumas grandes praças, como a dei Signori, que era decorada pela torre do enorme relógio astronômico e pela Loggia, clube em que se reuniam os comerciantes. As corporações de ofício eram organizações muito importantes e prestigiosas na Idade Média e várias das construções ainda hoje existentes serviam de sedes aos seus integrantes. Elas também sempre construíam capelas nas principais igrejas.