Estava me preparando para subir às 7:30 h, quando me lembrei de que, no domingo, o serviço tem início 30 minutos mais tarde. Olhar ontem o Forte Saint Angelo através da baía serviu para gerar uma fagulha de animação e não tive dúvida nesta manhã de para onde ia. Desci a muralha atravessando a Porta Victoria para comprar mais uma passagem de ida e volta para idoso para as Três Cidades. Pretendia também usar o ingresso de 30 dias para acessar a fortaleza, esperando ser surpreendido por alguma revelação diferente. Ela abria às 10:00 h mas, quando entrei alguns minutos antes, já estava funcionando. As instalações eram enormes e muitas salas apresentavam vídeos explicativos. O fato que achei mais interessante foi a prisão do pintor Caravaggio depois de uma briga e sua fuga da detenção e da ilha. Os primeiros vestígios de ocupação do local são do séc. XI, quando Malta pertencia ao Reino das Duas Sicilias. A primeira das três instalações muitimedia discorria sobre o papel central do arquipélago no Mediterrâneo, desde a época dos fenícios. A sala ao lado falava da utilização da fortaleza durante as várias fases de desenvolvimento do país. Finalmente, a terceira apresentava telas sobre a importância do forte na representação da nação, ressaltando as visitas recebidas e as grandes celebrações. A visita não foi surpreendente mas valeu o esforço. A ala residencial, onde morava o chefe da fortificação, tinha forte contraste com as casernas e dormitórios comuns. As diversas torres e defesas apresentavam panorâmicas de toda a baía à volta e o lado da terra foi protegido, ao longo do tempo, por duas linhas de muralhas. A grande preocupação com a falta de água e o abastecimento, especialmente em caso de cercos prolongados, era solucionada com a construção de enormes cisternas e silos subterrâneos. Passei mais de três horas, além do prazo estimado inicialmente, porém o passeio foi muito interessante e ilustrativo. Ao final, sem muita expectativa, segui uma pequena trilha até os rochedos perto do mar. Não pude resistir e fiquei mais uma hora aproveitando o sol. Depois de vários dias, as nuvens reapareceram, mas de forma muito discreto. O vento estava um pouco mais forte do que apenas uma brisa refrescante. Às 15:30 h a barca iniciou o retorno e subi logo para o hotel em busca de um banho. Surpreendentemente o quarto não havia sido arrumado e resolvi sair novamente, dando oportunidade para os faxineiros. Fui obrigado a tomar três bolas de sorvete e quando terminei a habitação continuava da mesma forma. Imaginando que não fosse haver limpeza hoje, apesar de ela ter ocorrida no domingo passado, pendurei o sinal de não perturbe, me preparando para o chuveiro. Foi quando percebi que havia movimento da camareira na porta ao lado e que eu seria o contemplado seguinte. Tentando mais uma vez não atrapalhar, fui sentar no saguão do andar e aguardar a chamada, que não demorou muito. Decidi arrumar as mochilas antes de me refrescar e tive que fazer muito esforço para encaixar os excessos literários. Talvez como pedido de desculpas, ao retornar ao quarto encontrei outra garrafa de água e mais um monte de frascos de xampu.