Considerei que merecia um descanso mais prolongado e só deixei o quarto às 10:30 h. Achei um experimento muito bobo usar o chinelo velho só para testar um remendo e joguei no lixo, trocando pelo reserva. Agora não dava para estragar outro. Fiz um caminho diferente para voltar à estação de trem e passei por uma bela Sinagoga. Não encontrei forma de fazer a visita e acho que não havia tal possibilidade. Pretendia verificar mais algumas informações sobre a viagem de amanhã, já que ainda continuava muito desconfiado. Minha vendedora predileta estava de folga e as duas substitutas não falavam inglês. Resolvi tentar relaxar e pensar nos problemas se eles aparecessem. Segui para as margens do Rio Rába, onde existia um parque através do qual pretendia caminhar. A rota não seria tão longa quanto a de ontem, mas a mancha verde do mapa era bem grande. Os primeiros cinco quilômetros foram praticamente repetição do passeio anterior, apenas para outro lado. As características eram as mesmas. Barreira anti-inundação com via para pedestres, bicicleta e o ocasional carro no topo, com quase nenhuma visita, réguas para medição das cheias e marcos de quilometragem. Decidi então retornar pela margem oposta e, para tanto, precisava atravessar o rio. A única estrutura para travessia era uma ponte para veículos que, da forma apresentada pelo mapa, era uma espécie de continuação da trilha. Só que não. Quando chegou a hora de subir, até que encontrei degraus de cimento. Mas eles terminavam nas cercas metálicas do guard-rail, sem sinal de passagem para pessoas. Em retrospecto, poderia ter dado meia volta e retornado pelo mesmo caminho. Porém a teimosia não tinha limites e pulei a proteção de aço em direção ao asfalto. Quase que minhas pernas não conseguiram levantar o suficiente, tendo que puxar manualmente o segundo pé. Ainda tinha esperança de encontrar a continuação do caminho mais adiante. Ele até existia na outra margem, porém não havia forma de descer, nem pulando a cerca como antes. Estava em uma autoestrada bastante movimentada, especialmente por grandes caminhões de carga. Ouvi algumas buzinadas de motoristas indignados e eu também estava indignado. Não dava mais para retroceder, o que significava seguir em frente. Foi uma situação horrorosa mas, pelo menos, a faixa de acostamento era bem larga. Andei um quilômetro e meio pela via expressa até encontrar saída para outra estrada menos estressante, onde inclusive teve início uma ciclovia segregada. Passado o sufoco, cheguei novamente no terminal ferroviário, onde a ansiedade voltou a reclamar por segurança na forma de transporte. Desta vez encontrei uma sala de informações em que a atendente falava um pouco de inglês. Consegui o horário do segundo trem, o que não havia sido possível nas máquinas automáticas e, novamente, obtive a confirmação de que não teria que pagar mais nada, apenas entrar no trem e sentar onde quisesse. Fiquei mais satisfeito, contudo, não muito mais tranquilo, pois ainda pensava na lotação para uma região de veraneio no meio das férias.