Apesar do sol que brilhava na varanda tive muita dificuldade em levantar e só consegui sair da cama após me comprometer a, em caso de encontrar alguma pedra agradável no caminho, parar para ficar algumas horas sem fazer nada. O destino que havia escolhido ficava numa ponta da ilha distante 18 km do hotel, para o lado em que ainda não havia estado, e deixar o quarto às 8:30 h foi uma vitória. Logo de cara, no litoral em frente à pensão, reconheci locais razoáveis, contudo consegui perceber que estava cedo demais para jogar a toalha. Observando a costa com atenção deu para notar que vários espaços poderiam ser utilizados numa situação menos exigente. Esses pensamentos só aumentaram a falta de vontade de continuar e tive que sentar à sombra na praça central para contemplar a paisagem urbana e chegar a uma decisão. Após as várias ameaças de desistência, por preguiça, cansaço ou pela distância, resolvi iniciar o percurso que me levaria à península de Basilikos (leia vassilicó). Uma única via serve de entrada e saída da longa extensão de terra e é mais uma típica rodovia de montanha, cheia de curvas fechadas e muita subida. O tráfego absurdo, incluindo ônibus de turismo enormes, transportava milhares de turistas para as praias da ponta, numa fila quase que contínua. Ao atingir a metade do caminho percebi que não ia conseguir completar o proposto e tive que decidir a partir de onde faria a volta. A vontade contudo ainda era de seguir até o final, onde fica um santuário de tartarugas, porém isso parecia impossível, até mesmo sem parar em algumas praias maravilhosas do caminho. Mudei de ideia novamente e decidi que fazer as coisas pela metade não valia a pena. Já que tinha vindo até aqui resolvi que teria que ter a experiência total. A preocupação que atrapalhava tudo era com a volta e eu deixei para me preocupar com a volta na hora da volta. Com essa decisão fiquei mais livre para completar o planejado. Depois de atingir a altitude máxima teve início a descida oferecendo panoramas exuberantes, tanto das praias como das montanhas. O primeiro desvio foi para a praia de Porto Zoro em meio a rochedos esplêndidos dentro do mar. Dessa vez decidi não parar mais até chegar ao final na praia de Gerakas (leia iéracas) uma das várias da região que são frequentadas pelas tartarugas para postura dos ovos. Ela fica do lado interno da península que forma o Golfo de Laganas (leia laganás), a vila mais central do arco. Toda a área é protegida e em alguns pontos não se pode passar nem de barco. A praia é bastante extensa e cercada de penhascos, com o solo de areia na maior parte mas uma extremidade forrada por pedras. Pude perceber para onde ia todo o tráfego que passou por mim. A praia estava lotada e não era a única. Fiz a segunda parada em Porto Roma, que não tinha tanta gente, mas a faixa mais longa e famosa, a Banana, do lado do mar aberto, estava abarrotada. Cometi a bobagem de abandonar a estrada de terra que servia de acesso ao estacionamento e peguei a entrada da praia que segue pela areia fofa. Juntando com o suor e as camadas de protetor, os grãos levantados pelo chinelo grudaram no corpo todo entrando, inclusive na sacola de supermercado em que carregava as garrafas de água. Foi uma melequeira. Voltei para o asfalto e, sem pretender conhecer mais nenhum balneário, só tratei de apressar o passo para não chegar muito tarde no hotel. Deu para terminar os 18 quilômetros em três horas e meia e entrei no quarto pouco antes das 18:30 h, depois de uma rápida visita ao mercado, louco por um banho.