Os passeios para os próximos dias já estavam há muito planejados. Só faltava juntar o ingrediente mais difícil de encontrar: o ânimo. Tenho facilidade de achar desculpas para não completar as visitas e a mais imediata é a instabilidade do tempo. Após a dispersão de algumas nuvens mais escuras logo cedo não podia mais usar esse argumento. Outro que tem certo peso é o meio de transporte. Ignorando os grupos montados pelas empresas de turismo resta a condução usada pelos habitantes locais. A maioria em condições precárias, consiste em peruas e caminhonetes com caçamba adaptada para acomodação de pessoas, geralmente com bancos de madeira e espaço apertado para seis adultos. Todas que tenho visto passam carregadas, não raro com viajantes pendurados do lado de fora. Não creio que exista nada mais parecido com um ônibus convencial, pelo que tenho observado até agora. Também há que considerar as condições na outra ponta. O deslocamento a pé entre as praias e demais atrações não é incentivado, muito ao contrário, desencorajado, de que foi exemplo máximo o terrorismo dos policiais em Santo Domingo, ainda no segundo dia no país. Para coroar, a preguiça incontrolável de enfrentar alguns simples desafios ganhava dos demais inconvenientes. Em Punta Cana, ao menos estava do lado da praia, local em que apesar do aborrecimento de não fazer nada, é possível não fazer nada. O jeito de não fazer nada em Samaná é sentar nos bancos de ferro do calçadão e ficar reparando no ritmo da cidade ao som das ondas. Estava no final da avenida costeira, próximo do desembarque das lanchas que trazem os turistas do cruzeiro que ancorou esta manhã ao largo. Eles são recebidos por aquela batucada irritante e sem ritmo característica das ilhas caribenhas. Hoje eles eram acompanhados por um grupo folclórico em trajes regionais. Da minha posição não era possível ver se eles executavam alguns passos porém, ao terminar a saída dos viajantes, tudo voltava à calma anterior. Vinha acompanhando com o rabo do olho a progressão acelerada de um bloco maciço de nuvens que, por fim, encobriu o sol às 11:30 h. Meia hora depois não havia mais azul no céu. Era hora de seguir para o coreto nosso de cada dia para aguardar o inevitável. Que não se concretizou, feliz ou infelizmente até o momento de voltar para o hotel no início da tarde, onde passei momentos agradáveis apreciando a vista da varanda já novamente ensolarada.