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Györ / Vének - qua 24/jul/24 * 31,41 km * (51 fotos)Mais fotos:ÁlbumSlide showVídeos

Praça central - GyörPassei rapidamente pelo centro quando saí às 8:45 h para resolver o transporte de sexta-feira para a nova base. O céu amanheceu bastante nublado e o vento deixava um gosto de frio. Pretendia, depois de comprar a passagem, atravessar o braço de rio novamente para fazer uma longa caminhada pelo campo. Usei uma bilheria automática na estação para marcar o trem para uma região famosa por seu lago. O percurso envolvia transferência em Budapeste e a opção que escolhi, de bilhete de idoso, era muito mais barata. Fiquei na dúvida se eu teria direito ao desconto e fui completar a compra com a funcionária, que falava inglês bem razoável. Era impossível entender qualquer coisa em húngaro, ou mesmo ler. Não compreendi direito o sistema, mas a vendedora falou que velho não pagava passagem, apenas a reserva. Depois da aquisição e ainda não convencido, voltei ao guichê para fazer novas perguntas. Como resposta fiquei sabendo que deveria apresentar o passaporte dentro do trem para provar a idade e a segunda perna não tinha reserva de assento, podia sentar em qualquer lugar. Só queria ver! Voltei à máquina para conferir, e as informações que recebi no balcão eram as mesmas que apareciam na tela, mesmo antes de ficar incerto na primeira tentativa. Iniciei a caminhada ao longo do rio e logo apareceu uma placa com comentárioCentro - Györs em inglês falando da situação geográfica da cidade na confluência de diversos cursos de água e no impacto que eles traziam aos habitantes. Vários trabalhos foram executados para tentar controlar o ímpeto das águas e um marco na muralha da Cidadela indicava o nível de oito metros da inundação de junho de 2013. Desde que iniciei a definição do roteiro em São Paulo, havia notado que Györ não ficava no Rio Danúbio. Assim como em Viena, cismei que deveria ver o rio famoso e não seus canais ou tributários. Analisando o mapa podia, perceber uma vila próxima da foz que desembocava no grande rio e distava treze quilômetros. O mapa eletrônico também indicava um caminho de pedestres representado por linhas pontilhadas, o que não era garantia total de acesso, como já tive a infelicidade de constatar diversas vezes. No entanto, a ventania da manhã ajudou a espalhar as nuvens e sugerir que a caminhada não seria tão arriscada por intempéries. Acompanhei o afluente Mosoni-Duna, um dos que passava na cidade, ao longo de uma calçada cimentada até seu final pouco mais de um quilômetro à frente. Sem possibilidade de continuar pela margem, tive que desviar para depois das árvores que ladeavam as águas e percorrer uma trilha que fazia parte da região alagável em épocas de cheia. Uma barreira para conter as inundações acompanTorre no cotovelo do Rio Rába - Györhava as curvas do rio à pouca distância, sem contudo permitir a visão da via aquática, devido ao arvoredo. Estava quase sozinho na elevação com exceção de poucos aventureiros, como o pai que ensinava a filha a dirigir, a mãe de duas crianças e seus dois cães, os três ciclistas tchecos e um ou outro maratonista. Na maior parte do tempo era só eu, as nuvens espaçadas e o sol forte. Todavia, o vento refrescante redobrava a necessidade da precaução do protetor solar. A intervalos regulares réguas verticais, graduadas até dez metros de altura, lembravam do perigo, de que a barreira pela qual eu andava procurava proteger. Também com alguns quilômetros de espaçamento havia sistemas de controle das águas e desvio para canais de irrigação. A estrada era demarcada por colunas com inscrição da quilometragem o que, por um lado auxiliava na avaliação da distância percorrida contudo, por outro alertava sobre o que ainda faltava até o fim da trilha. Tive que economizar a água que carregava, porque não encontrava forma de repor o consumido. Na ansia de chegar o mais próximo possível do Rio Danúbio, dei um passo que foi fatal para o chinelo. Bem no ponto mais distante da rota, quando estava me preparando para retornar. O furo que servia de fixação para a tira na separação dos dedos ficou exageradamente largo e ameaçava sBarreira anti-inundação - Györoltar a cada duzentos metros. Consegui seguir caminhando por alguns quilômetros, porém ficou claro que teria que adotar uma medida mais drástica. Pensei em vários modos de resolver o problema, contudo todos esbarravam na falta de ferramenta. Com o clipe de papel ou os arames de fechamento do saco de pães que ficaram dentro da mochilinha no quarto teria instrumentos adequados mas, na falta destes, tive que improvisar com o que dispunha, que não era muito. Achava improvável que encontrasse um arame ou barbante esquecido no chão e a única forma foi usar o cabo do carregador para criar um nó salvador. Funcionou e consegui completar o trajeto de volta pisando sobre um artefato eletrônico por doze quilômetros. Já estava mesmo pensando em comprar outro para ver se a carga total ocorreria mais rapidamente e agora tinha uma boa desculpa. O interessante foi que, depois de uma lavada para tirar a poeira, o fio continuava desempenhando sua função como antes. Para celebrar a chegada ao centro sem precisar andar descalço comprei um sorvete duplo na saída da ponte. No hotel teci com os arames uma fixação mais eficiente, que pretendia experimentar por algum tempo antes de apelar para o par sobressalente que sempre trazia nas viagens, justamente prevendo este tipo de evento, que já havia ocorrido algumas vezes antes.