Havia selecionado hoje como o dia da preguiça, depois de duas jornadas intensas. Saí do quarto às 9:00 h para cumprir meu compromisso diário na rede da estação de trem. Após 15 min de caminhada, reparei em uma motorista usando máscara e lembrei que não trazia a minha. Decidi fazer como os franceses e abandonei o costume por um dia. No trajeto, vários fantasiados e instrumentistas se aproximavam do palco principal da festa. Não sabia o que estava para acontecer mas fui obrigado a andar pela margem oposta do Rio Odet. Havia um som constante de treinamento. Umas filas se formavam num pequeno guichê improvisado em que estavam cobrando ingresso. Resolvi adiar a ida ao centro e entrar. Parece que tinha ouvido algo como 10:00 h e só faltavam 30 min. Encontrei um assento na fila do fundão da plateia e me acomodei para a espera. O vento não estava tão forte e o uso da bermuda era suportável. As pessoas estavam se alinhando nas calçadas, sentadas no meio-fio ou em cadeiras e bancos dobráveis portanto, provavelmente, haveria algum tipo de desfile. Os cartazes indicavam que hoje seria o último dia do Festival da Cornuália em Quimper. O mais famoso acontece em lOrient, onde estive ontem, mas só ocorre em agosto. 15 min após minha estimativa as arquibancadas continuavam apenas parcialmente ocupadas. O local que havia escolhido, bem no meio e em cima, era o mais vazio. Fiquei na última fila para poder levantar sem incomodar ninguém, no caso de os eventos acontecerem de outro lado. O desfile teve início às 10:30 h, com cada grupo apresentando as tradições de sua região, com vestimentas, instrumentos, músicas e coreografias específicos. Às 11:30 h deixei o sambódromo para executar as tarefas do provedor. Como no domingo a bilheteria humana fica aberta por menos tempo, resolvi trocar a ordem das atividades. Ontem no final da tarde, quando cheguei de lOrient, eles já estavam fechados e reparei que o horário de dia festivo é a partir das 10:30 h. Já havia gastado uma hora e meia no desfile e, para evitar inconvenientes, decidi comprar os bilhetes antes de acessar a internet. Havia dois casos complicados e demorados na fila e tive que aguardar uns 10 min. Reservei passagens para as três trocas de base que estão agendadas. A de amanhã já estava comprada. As vendedoras sempre têm dificuldade de descobrir o número do meu cartão de idoso e precisam fazer muitas operações para encontrá-lo. Foi bom adiantar a compra porque pelo menos um dos trajetos já estava bastante ocupado. Deu tudo certo, mais uma vez, e também não tive problema com a transferência dos arquivos para o provedor. Após utilizar a rede segui para a rodoviária vizinha que tem a tomada mais confortável para o carregamento do celular. Com todos os vídeos do desfile, mesmo que curtos, a bateria foi muito esvaziada. Outras atividades estavam programadas pelos organizadores para a tarde e noite do último dia do Festival, porém eu já estava satisfeito. Uma das visitas que havia imaginado para as redondezas era a da cidade litorânea de Benodet (leia benodê), na foz do Rio Odet. O clima estava agradável para esse tipo de passeio, porém as ligações rodoviárias de domingo são bem infrequentes e a volta só seria no final da tarde. Como pretendia chegar mais cedo no hotel para preparar o deslocamento de amanhã, achei melhor não abusar. Voltei para o centro às 13:30 h para ver o que acontecia. A festa não para. Na Praça da Catedral um conjunto fazia apresentação de um híbrido de acordeão e gaita de fole e os dançarinos praticavam alguns passos de tango. A Casa do Patrimônio, uma bela construção do séc. XVII, exibia gravuras de artistas interpretando a cidade. Para mudar um pouco segui para o hotel por um caminho alternativo, que começava após a esplanada conhecida. Depois de quinhentos metros ele se transformava em trilha ao longo do rio. Começou a ficar meio embaralhado e eu resolvi voltar para o asfalto. Como sempre, se eu passasse mais alguns dias aqui, teria bastante coisa para conhecer. No quarto preparei as mochilas para a viagem para não precisar pensar muito amanhã.