Cheguei no centro às 10:30 h, quarenta minutos depois de sair da cama. Não estava muito inspirado para fazer as visitas e fiquei dando voltas pelas ruas barrocas. Passei na casa em que Mozart nasceu, numa em que Franz Schubert ficou hospedado e naquela em que Paracelso preparou seu testamento poucos dias antes de morrer. Estava fazendo hora para encontrar coragem de subir o morro da Fortaleza e entrei num supermercado para comprar alguns pães e folhados para energizar. Finalmente, após alimentado às 11:45 h, encarei a primeira escadaria. A parada inicial da escalada foi na abadia beneditina das freiras, dentre as quais a abadessa Santa Erentrudis, que estava representada na fachada. Uma placa informativa muito interessante sobre a formação geológica da região dava conta de que após o período glacial a região era dominada por um enorme lago. Outro informativo pouco acima fazia a comparação entre uma fotografia recente da cidade e uma gravura de 1831. Os principais elementos da cidade continuavam como há 200 anos. A subida foi extremamente proveitosa, com muitas paradas para descanso, observação das paisagens maravilhosas e leituras dos vários dados históricos. Após passar a bilheteria, deveria atravessar a porta de defesa que era controlada pelo prefeito. Como o sol forte atrapalhava a leitura do celular, caminhei para um arco na sombra sem perceber que eu era muito mais alto. O pescoço entrou, mas a cabeça ficou para trás. Felizmente era uma área de pouca irrigação e não fiquei com sangue escorrendo pela cara. A primeira atração incluída no bilhete era o passeio pelos estábulos e muralhas, que foram adaptados para apresentar uma excelente exposição sobre a origem da cidade e virtudes do comércio de sal que geraram sua riqueza. A proximidade de um rio navegável proporcionou a transformação do local em um centro de comércio importante. O primeiro oficial da Igreja a vir para a região foi indicado em 696 pelo bispo de Worms na Alemanha, quando a localidade ainda tinha o nome romano de Iuavavum. A continuação do passeio percorria a parte superior coberta da muralha, por onde os guardas e vigias podiam defender o recinto contra assaltos, como também controlar incêndios nas construções abaixo. O Arsenal continha uma exposição de armamentos, táticas militares e arquitetura defensiva. Uma sala era reservada à preservação das ruínas da igreja romanesca do séc. XII escavada no local. Uma pequena apresentação multimídia relatava os fatos do período governado por um dos poderosos bispos. O ingresso combinado que comprei dava direito a visitar os aposentos dos governantes, que não economizavam no luxo e conforto para entreter seus convidados. Após quase cinco horas conhecendo todos os cantos da Fortaleza, desci para a cidade, entrei brevemente no cemitério todo florido e retornei para o hotel.