Seria hoje ou nunca. Para visitar as praias mais longínquas teria que ir de ônibus até Glossa (leia glóssa) e de lá iniciar as caminhadas. O inconveniente era o horário complicado das ligações matutinas. Se não entrasse no primeiro das 7:00 h, só às 10:45 h. Fiz um esboço de roteiro levando em conta a segunda viagem porque achei que seria quase impossível acordar em tempo da primeira. No entanto, um sonho muito chato de doença me fez acordar 40 minutos antes e estava saindo do quarto às 6:30 h. Levei cinco minutos para chegar no terminal de ônibus na saída do porto e tive que ficar esperando, ainda assonado e com preguiça. Na hora exata o motorista partiu com quinze passageiros, todos locais, inclusive dois padres ortodoxos. Acho que os turistas ficam na cama até um pouco mais tarde. Tive que lutar bravamente durante a hora que durou a viagem para não cair no sono. Não fiquei esperto o suficiente e quando reparei o condutor já estava descendo para o porto de Loutraki. Glossa fica no alto da montanha e existe uma trilha que evita as inumeras curvas da rodovia, porém sobe a encosta numa linha quase reta. A trilha era muuuuito íngreme mas deu para completar em meia hora. Só que ela chegava apenas à parte baixa da cidade e para entrar na estrada para as praias na outra costa tinha que atravessar as escadarias e ladeiras urbanas. A cidade é tão labiríntica que até com o GPS foi difícil achar a saída para a rodovia. Usando o aplicativo havia selecionado uma rota pela qual passaria por três praias para terminar no farol, que eu havia observado na travessia da barca que veio de Volos. As placas nas esquinas, no entanto, sugeriam uma caminho mais interno que eu aceitei. Depois de visitar um pequeno mosteiro do século XVII e restaurado com bom gosto, a estrada descia a encosta em direção da praia de Perivoliu. Pouco antes de atingir completamente o nível do mar havia um desvio por estrada de terra que seguia por quatro quilômetros até o farol. Optei por fazer esse passeio antes e chegar no fim da linha para depois começar o retorno parando nos lugares interessantes. Às 11:20 h cheguei no final da trilha. O farol é do século XIX e ao chegar o portão estava fechado. Uma tabuleta indicava que poderia ser aberto através da corda que o amarrava, desde que fechado novamente. O carro e as vozes que vinham de dentro faziam supor que alguém mora ali. Após voltar para o asfalto desci alguns metros até o estacionamento e então alguns lances de escada construídos no pequeno penhasco da maravilhosa praia de Perivoliu de águas incrivelmente azuis e transparentes. Caminhei de uma extremidade à outra da curta extensão forrada de pedras. Apesar da beleza do lugar não estava preparado ou mesmo ansioso para ficar por ali. Ainda tinha muita estrada para percorrer já que estava pensando em retornar para o hotel a pé novamente. Como desse lado da ilha não há caminho direto para a capital teria que subir a montanha até Glossa e seguir as rodovias conhecidas da outra costa. A alternativa que tomei foi a da estrada mais costeira, que tinha selecionado originalmente e de que fui desestimulado pelas placas de tráfego, aparentemente porque era de terra. Mesmo estando mais próxima do mar não dava para ver o litoral e foi necessário entrar em um atalho para conhecer outro excepcional recanto, a praia de Hondrogiorgi. Apesar de alguma casas na encosta não havia ninguém utilizando o espaço e tive que exercer muito controle para não ficar por ali mesmo. O desvio consumiu meia hora do meu roteiro apertado e comecei a ficar angustiado com a viabilidade de completar o compromisso. Não foi apenas o pouco tempo que atrapalhou. O cansaço começou a se manifestar e antes de ficar esgotado parei na praia de Panormos para tomar um sorvete. A parada de ônibus em frente ao supermercado já estava ficando cheia de gente e eu voltei para a anterior para aguardar o veículo das 17:15 h. Junto comigo entraram muitos turistas mas deu para encontrar lugar no fundo. Os passageiros que abordaram no ponto seguinte não tiveram tanta sorte e precisaram viajar de pé no corredor. Deste local até a capital a estrada fica muito monótona, com subidas que nunca terminam. E para percorrer a distância são necessárias quase três horas, em contraste com pouco menos de uma hora no transporte coletivo. Me senti um pouco culpado por trocar tão facilmente de forma de deslocamento mas os pés e as costas agradeceram.