Não foi difícil escolher o ponto negativo do quarto e, mesmo com o horrível colchão mole em que passei a noite afundado, foi complicado juntar forças para levantar às 8:30 h. Desde o planejamento original do roteiro já tinha ideia do que fazer. E ela ficou mais clara com a entrada da barca no porto ontem na hora do almoço. De longe era possível delinear o perfil da poderosa fortaleza que domina o céu de Killini. O Constantinos recomendou a utilização de uma bifurcação da estrada que surge a uns mil metros da hoapedagem, no que foi apoiado pelo mapa eletrônico. Saí do apartamento meia hora depois de acordar para percorrer os nove quilômetros até o Kastro. O caminho de pedestre apontado pelo aplicativo diferia daquele identificado para veículos, o que não costuma ser bom sinal, contudo resolvi aceitar a solução apresentada por duas fontes diferentes. O que parecia de início informações concordantes logo apresentou conflitos e decidi seguir uma terceira via que, pelo mapa, tinha aparência de mais carroçável, apesar da volta muito maior. Com o avançar da caminhada ficou evidente que era a esse percurso que o recepcionista se referia, tendo sido apenas mais conservador ao estimar a distância do primeiro desvio, me induzindo a achar que ambas as rotas eram coincidentes. De qualquer forma foi um alívio trocar a rodovia principal por uma vicinal. Parece que todo mundo resolve passear de carro no domingo e a mudança do barulho dos motores pelos insistententes e histéricos latidos dos cachorros foi benéfica, pelo menos enquanto eles continuassem bem presos. Depois de bom tempo percorrendo a estrada do interior que me levava para o Castelo e intrigado com o intenso movimento é que fui lembrar da segunda parada programada. Além da fortificação essa área é conhecida pela extensa praia alguns quilômetros além. Já deu para perceber que plantam bastante melancia por aqui e após passar por vários campos com o fruto em melhores condições do que os de ontem cheguei ao Castelo ao meio-dia. Quase na chegada comecei a observar indicações para as termas e, embora não soubesse bem do que se tratava, fiquei na dúvida se deveria esticar o passeio por mais seis quilômetros. Além de ir para o lado contrário ao do meu retorno, teria que voltar ao nível do mar e depois subir novamente. Deixei a decisão para após a visita do Castelo. Pela primeira vez conduzi uma conversa totalmente em grego. Foram apenas algumas palavras soltas que permitiram a comunicação com a vendedora na compra do ingresso no quiosque à sombra das muralhas. A fortaleza me surpreendeu no sentido de que estava esperando algo como a de Patras, construída no século XV pelos turcos e meio abandonada como equipamento turístico atualmente. A de Killini é muito mais imponente e antiga. Erigida pelos francos em 1220, fazia parte do conjunto de construções em todo o Peloponeso que garantiam a presença de um estado dirigido pelos cruzados, sucessor temporário, por apenas 50 anos, do Império Bizantino, que voltou ao poder na metade do século XIII. Além dos fatos históricos a conservação do local também merece destaque e um museu foi instalado nos amplos salões restaurados da residência principesca. Passei uma hora atravessando as exposições e quando estava terminando a visita me surpreendi com o acúmulo de nuvens escuras que escondia boa parte do céu. A condição meteorológica decidiu contra o prolongamento do passeio até os banhos romanos ou mesmo à praia próxima e iniciei o retorno para o hotel torcendo para escapar da chuva que parecia iminente. Alguns pingos chegaram a me acertar, mas sob uma condição de sol e chuva completei o trajeto até a hospedagem sem maiores problemas. Apenas fiquei um pouco receoso com as perspectivas para a caminhada de amanhã até o porto carregado para mais uma mudança de endereço. Mas cada problema na sua hora.