Aproveitei um intervalo das nuvens mais pesadas às 9:45 h e me despedi na portaria para chegar com três horas de antecedência em relação à partida do trem regional para La Rochelle. Entrei na sala de espera ficando de frente para o corredor, onde acontecia a cena horrível de uma francesa vomitando dentro da lixeira. Ela teve que repetir o processo de sair da sala e voltar ao cesto de lixo várias vezes, após descansar um pouco com os demais viajantes que aguardavam suas partidas. O trem curto lotou rapidamente e saiu com uma quantidade enorme de bicicletas que, nestes meses de verão, devem ter reserva obrigatória. Além disso, os corredores ficaram totalmente abarrotados com um número absurdo de pessoas em pé. O condutor emitiu uma mensagem pelo auto-falante expulsando todas as bicicletas que não tinham reserva. Apenas uma estava fora das regras e a ordem não resolveu muita coisa. Só serviu para atrasar a partida em cinco minutos. Que foram alongados para dez. A lotação continuou. No final da plataforma havia mais quatro expulsos. Na parada seguinte, depois de três minutos de viagem, ninguém desceu e vários novos passageiros foram espremidos para dentro. Apenas com mais de uma hora de trajeto e cinco ou seis paradas, foi que as passagens começaram a ficar trafegáveis com a saída de um grande grupo de mochileiros. Uma passageira saía com seu cão a cada parada, contudo ele não parecia estar apertado. O vagão estava extremamente gelado e minha orelha só não caiu graças ao capuz. A ocupação completa durou até o final das três horas de trajeto, sem assentos vagos disponíveis. Os sortudos acharam um lugar para sentar no chão. Desta vez o hotel não era vizinho do terminal e tive que carregar as mochilas por meia hora antes de entrar na recepção. O Jean Baptiste me deu as boas vindas, cobrou as diárias e apresentou uma placa com dados do hotel, que tive que fotografar. Meu quarto acanhado ficava no terceiro e último andar após a escalada de uma escadaria de madeira bem inclinada e barulhenta. A primeira impressão do colchão não foi muito boa. Quase sentava no chão de tão mole. No entanto, o que realmente interessava funcionou muito bem. Poderia fazer as transmissões sem recorrer a outra rede. Durante o percurso inicial de um quilômetro e meio não parei muito, mas reparei nas imediações muito atraentes. Saí às 17:00 h para o reconhecimento da minha vizinhança, preocupado com as nuvens cinzas. Continuei seco e com boa impressão de La Rochelle.