Levantei às 7:00 h para colocar o aviso de não perturbe na porta e voltei para a cama. Parecia que o frio estava indo embora, porém deixava em seu lugar os alertas de tempestade. A previsão era de possibilidade de chuva o dia inteiro e o céu estava totalmente encoberto. Não pretendia viajar, apenas ficar andando pela cidade para conhecer mais alguns atrativos, mas a preguiça e o temor de ter que enfrentar tempo instável me retiveram no interior por algumas horas. Apesar da temperatura razoável, resolvi carregar o casaco e tomar coragem para sair às 10:30 h. Na saída para o corredor encontrei a faxineira, que perguntou algo ininteligível. Imaginava que quisesse permissão para arrumar o quarto. Pude confirmar que a rede da estação havia voltado ao normal, quando transmiti as correções dos erros no diário de ontem, que só descobria na tela maior do tablet que ficava sempre no hotel. Segui em direção ao Rio Garonne para continuar o passeio. Na saída do terminal reparei na placa de bronze afixada no chão da Praça dos Justos, homenageando pessoas que auxiliaram as vítimas do nazismo na região da Gironda. Uma feira de bugigangas acontecia na marginal junto à Porta de Borgonha e alguns metros adiante ficava a Porta Cailhau, por onde passavam os peregrinos para Santiago de Compostela e que foi erigida para comemorar a vitória do Rei Carlos VIII em 1495 na Batalha de Fournoue (Fornovo, perto de Pádua), provando assim o apoio da cidade ao governante. As placas no solo indicavam que a parte gótica inferior foi sobreposta por elementos da Renascença, em moda após as campanhas italianas. A atual praça do Palácio em frente era onde ficava a moradia, conhecida com Palácio das Sombras pela pouca iluminação. dos duques da Aquitânia, entre eles, Elenora. Posteriormente abrigou o Parlamento da região e já não existia mais desde 1800. A parada seguinte foi na Igreja de São Pedro, com vitrais do séc. XIX. Na Praça da Bolsa, o ponto central era ocupado pela fonte com a escultura das Três Graças. Continuei andando pelo centro e passei mais uma vez pelo Grande Teatro, sede da Ópera Nacional de Bordeaux. Na esquina ficava a escultura moderna que dava a impressão de seguir o transeunte. Os pingos que começavam a cair não eram suficientes para molhar muito, porém causavam grande desânimo para continuar com as descobertas. No entanto, em poucos minutos, fui forçado a me abrigar sob a marquise da Zara. Troquei a loja de roupas pela FNAC e procurei um adaptador para substituir o perdido. Além de ter ficado na dúvida sobre as conexões, achei que não fazia tanta falta assim. O setor de livros também não me cativou, mas foi o suficiente para poder voltar à rua. O retorno de aberturas esporádicas me incentivou a continuar e parti em direção ao Jardim Público. Cheguei ao parque planejado pelo intendente Tourny nos anos 1750. Além de diversos gramados, muitas esculturaa e bustos de personalidades, o lago tinha algumas ilhas e havia um jardim botânico numa extremidade. O banheiro era nojento. Uma lenda urbana atribuía os arcos do Palais Gallien à morada da namorada de Carlos Magno. Foi provado cientificamente por arqueólogos, contudo, que o edifico era um anfiteatro da época do Imperador romano Galeno, do séc. III. Entrei no Jardim do Museu de Belas Artes, onde todos eram revistados e continuei até a Praça da República. De um lado ficava o prédio do antigo tribunal de Bordeaux e em frente a Capela do Hospital Universitário São João. Entre as duas construções estava a escultura do Memorial aos mortos na Guerra franco-prussiana de 1870. Pareceu uma região meio abandonada. Após aquela tentativa de chuva o tempo firmou e pude andar com mais tranquilidade. Revendo os textos na cama no início da noite, descobri nova forma de ligar a tela do celular. Isso acontecia automaticamente sempre que o sistema pedia autorização para instalar cópias enviadas do tablet pelo Bluetooth, a rede de proximidade entre aparelhos. Também estava usando este recurso para fazer as transferências sem a possibilidade de conectar o pen-drive por causa do adaptador perdido, num processo bem mais demorado para as imagens grandes, em arquivos com tamanho original. Para facilitar o envio das fotos tenho, há vários anos, feito a redução para resoluções menores com perda de qualidade. Porém ainda reservo as versões inicias para eventual substituição quando o avanço tecnológico e a velocidade de comunicação permitirem.