Levantei às 7:00 h e para aproveitar o dia ensolarado saí meia hora mais tarde direto para a prainha do porto, escondida debaixo do mirante da igreja. Cheguei lá em poucos minutos e, além da ventania, percebi que não ia conseguir ficar o resto do dia parado naquele lugar. Havia localizado outra rota pelas montanhas para o lado oposto da ilha, onde havia alguns praias que ainda não tinha visitado. Apesar da preguiça e de ter prometido passar mais algum tempo sem fazer muito esforço, decidi encarar mais uma aventura. A saída era pelo alto da cidade na ponta em que já estava. Portanto foi só subir um poucão. Imaginava que não completaria o percurso em menos de duas horas mas foi para isso que vim tão longe. Skopelos conta com algumas trilhas nas montanhas e nas caminhadas anteriores já havia atravessado duas passagens de uma delas que, aparentemente, fazia um desvio pela mata. Hoje foi dia de fazer o teste, já que meu caminho passava pelas entrada e saída conhecidas. Foi um trecho curto de menos de quinhentos metros que servia de atalho entre as estradas asfaltadas. A única variável desconhecida era o tipo de terreno porém, como supunha pelas observações inicias, ela subia e descia uma pequena elevação e era pavimentada, em sua maior parte, por lajes de pedra. De certo modo foi bom não ter sucumbido à preguiça e ficado estirado nas pedras logo cedo porque o céu começou a encher de nuvens novamente. Por outro lado, a subida pelo novo trajeto foi bastante cansativa chegando, no ponto mais alto, aos 480 metros de altitude. Contudo o esforço proporcionou a admiração de paisagens magníficas. Ensaiei fazer um desvio para um mosteiro anunciado na estrada principal porém, após alguns metros já aparecia a primeira poça de lama, que nem me arrisquei a tentar cruzar. O mapa eletrônico não é muito detalhado e não indicava nenhuma construção nas redondezas. Também não havia observado qualquer edificação religiosa enquanto subia a montanha. Sem saber que distância e quantos lamaçais sobreviriam preferi seguir na segurança do asfalto, que não mostrava sinais de atingir o ápice, contudo. Quando na metade da descida voltei ao mapa eletrônico para me localizar percebi que havia deixado de fazer uma curva e estava indo para o lado errado. Vinha seguindo a rodovia pavimentada e não notei desvio algum. Ou estava muito distraído com as paisagens monumentais ou era um atalho bastante escondido. Havia algumas saídas de terra que propositadamente evitei. Talvez fosse uma delas que me levaria direto para a praia de Kastani. Do jeito que continuei a estrada ia para Neo Klima, cinco quilômetros além do que eu queria e o remédio seria retornar ao chegar no entroncamento da estrada principal. Alterei os planos e fui para a praia próxima. Hovolo é um pedaço de mar que banha um penhasco vertical e para chegar é necessário caminhar alguns metros por dentro da água a partir da vizinha Elios, na cidade em que cheguei inesperadamente. Não tinha muito espaço entre o penhasco e a água e já havia bastante gente para a capacidade do lugar. Encontrei, no entanto, uma reentrância vaga para me instalar pelo resto da tarde. O tempo não estava maravilhoso, mas não dá para querer tudo. E comparado aos dias anteriores estava bom demais. Pensei em sair um pouco mais cedo e voltar a pé. Mas a distância era grande e as subidas que já conhecia me deixaram cansado só em entreter o pensamento. Também não adiantava sair cedo demais porque o transporte coletivo só passaria no final da tarde. Ainda assim me preparei antes das 16:30 h para não haver imprevistos na parte molhada do retorno. Estava um pouco preocupado com o aparente aumento da maré e não sabia como isso influiria no trecho a ser percorrido por dentro da água. Por garantia resolvi guardar os chinelos na mochila e caminhar descalço para previnir escorregões ou pressões negativas, cuidado já tomado na ida. Não seria a primeira vez que o calçado ficaria e o pé continuaria, numa receita ideal para um tombo. Com toda a antecedência com que deixei a bela praia tive que aguardar mais de uma hora para pegar a condução das 18:05 h. Já havia feito essa viagem motorizada uma vez e, tal como antes, cheguei no hotel depois das 19:00 h. Como o Lakhis estava recebendo uma hóspede aproveitei para verificar como seria a despedida no último dia. A barca sai apenas à noite e foi difícil entrar num acordo sobre o que fazer com as mochilas depois do meio-dia. O inglês sofrível foi suficiente apenas para indicar por mímica o esconderijo da chave do quarto de bagagem em que poderia deixar os pertences até a partida. A excelente internet resolveu dar dor de cabeça hoje. Após várias tentativas fui tomar banho para ver se melhorava mais tarde.