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Pelo que podia ver do céu a partir das 6:30 h pela porta da varanda as condições pareciam melhores do que se poderia supor lendo a página do tempo. Apesar da frenética agitação das folhagens o céu estava razoavelmente desimpedido. Olhando pela porta dos fundos em direção às montanhas, contudo, a situação era bem diferente. Muitas nuvens escuras se acumulavam nos picos e a vontade era continuar na cama até ser expulso pela arrumadeira. Achei, no entanto, que estava tendo uma reação exagerada às previsões e às 7:30 h decidi sair. Já havia desistido da longa caminhada litorânea partindo da floresta de palmeiras da praia de Preveli (leia préveli) e meu objetivo era apenas passar o dia nos penhascos que conheci ontem entre as praias de Amoudaki e Amoudi, bem perto do hotel. Não cheguei a andar cem metros e comecei a sentir os pingos que estavam engrossando. Corri de volta para o quarto para aguardar a passagem rápida da culpada. Em meia hora a situação havia acalmado e tentei a segunda saída. Debaixo de sol e sombra e sob ameaça constante de nuvens mais pesadas

completei o percurso de três quilômetros até meu destino do dia. Foi então que, alertado pelas rochas inclinadas em que havia pousado meu boné após a tentativa de fuga, lembrei que ele havia ficado pendurado na luminária acima da cômoda no apartamento. Antes de deitar à noite pensei em mudar sua posição para o lado da mochila, justamente para não acontecer o que aconteceu. Pouco mais de uma hora se passou até que uma nuvem mais preocupante começou a se formar, sem aparência de final próximo. Tentando ser precavido juntei os pertences rapidamente e deixei o penhasco em busca de abrigo perto do bar de praia que ficava a cerca de duzentos metros. Passei por uma caverna nas pedras que seria adequada se a entrada não estivesse tão acima do nível da estrada. Tentei subir sem muito sucesso e preferi tomar chuva a escorregar na escalada sem apoio. Logo à frente havia uma protuberância rochosa que também parecia ser uma possibilidade, no entanto ela se mostrou ineficiente para a minha exigência. Os degraus ao lado levavam aos banheiros da taverna e pude me abriga

r com mais resultado. Tudo foi meio inútil porque em alguns minutos o céu voltou a ficar azul. Retornei ao meu recanto e percebi que tentativas semelhantes não me ajudariam muito. Ainda assim percebi outra possível cobertura, bem mais perto de onde estava instalado, semelhante a uma guarita escavada dentro de uma pedra, com proteção aparentemente bem mais completa. Serviria como último recurso, porém não pretendia lançar mão dele. E, de fato, não foi necessário. O forte vento impulsionava com rapidez as nuvens e a situação se alterava a cada momento. Notei que a direção do vento parecia empurrar as nuvens paralelamente às montanhas e para longe do mar. Dessa forma um lado mais distante ficou bem encoberto, enquanto o sol tinha espaço para brilhar na minha área. Isso durou até pouco antes da 14:00 h, quando a circulação do ar parece ter mudado de sentido espalhando a cobertura de maneira mais homogênea e estragando o fim da festa. Cheguei no apartamento perto das 16:00 h para encontrar o boné pendurado onde imaginava tê-lo deixado. Não fez tanta falta assim.