A intenção é passar o último dia inteiro na Croácia exclusivamente passeando pelo centro histórico de Dubrovnik e a atividade inicial, contemplada pelo cartão da cidade, é a visita às muralhas. Parece que, dentre as instituições participantes, é a primeira a abrir, às 8:00 h. O resto só começa a funcionar uma hora mais tarde. A vantagem de iniciar cedo é que o circuito parece envolver muito esforço físico com toda a escadaria, o que deve ser mais desafiador com o sol a pino. O estado climatológico real é sempre uma incógnita porque o quarto não tem janela e a única iluminação natural entra pela porta envidraçada com material opaco e protegida por uma persiana. A previsão, no entanto, continua favorável. Quando cheguei no porto velho uma teoria começou a se formar na minha mente para responder ao mistério do barco de ontem que partiu para Lokrum antes do horário. Pela hipótese as pessoas que atravessam prioritariamente em relação aos turistas são funcionários da ilha que iniciam as atividades mais cedo para preparar a recepção dos visitantes. No percurso pelas vielas para encontrar a entrada do passeio pelas muralhas passei pelo Mosteiro Dominicano, cujo museu com objetos sacros não faz parte dos monumentos franqueados pelo cartão e oferece desconto de apenas 10%. Outra vantagem de madrugar na visita foi evitar a enxurrada de pessoas que frequentam a atração em horário mais civilizado. Mesmo assim diversos trechos foram percorridos em passo de tartaruga e fila indiana. Os panoramas não podiam deixar de ser deslumbrantes e levei mais de duas horas para completar todo o circuito. Além de andar bem devagar, efetuei inúmeras paradas para admirar o cenário magnífico. Pouco antes do final do trajeto um acesso permite a visita de uma galeria de arte moderna dedicada a um pintor local e logo à frente, antes do término da última passarela, fica a entrada do Museu Marítimo, também incluído no passe. A instituição discorre sobre a importância que a construção naval e o comércio de mercadorias tiveram no desenvolvimento da República de Dubrovnik, chamada de Ragusa, especialmente a partir do domínio bizantino. Com a invasão por Veneza em 1205 a cidade ficou sob o governo estrangeiro por 150 anos, antes de readquirir alguma independência e nova relevância sob a proteção dos reis da Hungria-Croácia. O museu armazena objetos recuperados de diversos desastres navais ocorridos ao longo da costa em vários períodos históricos assim como documentos, pinturas e modelos relevantes ao tema e aos personagens. A quarta visita gratuita aconteceu a partir das 11:00 h, quando entrei no Palácio do Reitor, onde está instalado o Museu Histórico. Uma bela coleção de moedas de prata dos primeiros imperadores romanos se junta ao mobiliário e pinturas que adornavam o edifício em que eram tomadas as medidas administrativas e políticas da cidade-estado. Havia a possibilidade de conhecer duas outras instituições que apresentavam algum interesse: o Museu de História Natural e o Etnográfico. Porém já estava satisfeito de cultura e me juntei aos cansados sob as arcadas da bela construção medieval que acabara de visitar.