19/jul/18

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21/jul/18

A coragem para sair da cama hoje veio uma hora mais tarde. A visita a Spithi no balneário turístico de Skala ainda se mantinha como a vencedora na lista de opções. Também imaginava utilizar o centro de consumo de supérfluos para adquirir um par sobressalente de chinelos. Dessa vez o antigo ainda estava utilizável mas começava a sentir dois profundos afundamentos nas regiões próximas aos dedos onde o corpo apoia a maior parte do peso. A borracha dava impressão de estar tão fina que a abertura de um buraco parecia questão de pouco tempo. Seria mais um estorvo na sacola porém caminharia com alguma tranquilidade adicional. Outra alternativa de atividade, com menor probabilidade, era passar o dia numa das praias forradas de pedra da cidade ou dos arredores de Poros. Além de tediosa, essa ociosidade só iria diminuir minha quilometragem média, que já estava em baixa com tantas jornadas preguiçosas. Deixei o hotel pouco antes das 8:15 h e logo no início do caminho fiz um desvio por uma curta trilha no topo do rochedo coberto por pinheiros ao lado do porto para conhecer o Memorial construído para homenagear os desaparecidos no acidente com um submarino inglês, que em 1941 atingiu uma mina nas costas de Kefalonia. Pouco à frente uma edificação abandonada e em avançado estado de degradação proporcionava um belo panorama do porto, do centro e dos morros que envolvem Poros. Às 11:30 h, quando cheguei na praça dos pinheiros em Skala me surpreendi com uma indicação para a praia de Spithi pelo plano. Segui por algumas centenas de metros pela via pavimentada grudada à faixa de areia e percebi que teria que atravessar os rochedos aos moldes da aventura entre Kaminia e Katelios. A adrenalina de ontem já fora suficiente e decidi voltar para o centro e tentar o caminho mais tradicional do sobe e desce. Uma escadaria me ajudou a economizar um pouco de perna na rota de dois quilômetros em cada sentido. Como temia, a estrada de terra que dava a volta sobre o penhasco apenas servia de acesso às residências no topo. Não havia forma de descer e a entrada da tranquila e isolada enseada abaixo era somente por via marítima. Pude, ao menos, atravessar um terreno baldio para observar de cima a faixa de areia e os rochedos que a separam de Skala. No caminho de volta passei pelas escavações da Vila Romana do início de era cristã, onde podem ser admirados mosaicos bem conservados. Encontrei um calçado de marca diferente que já está de sobreaviso na mochila que me acompanha todos os dias. Os doze quilômetros do retorno já estavam ficando previsíveis e levei pouco menos de duas horas e meia para chegar no hotel às 16:30 h. A calmaria do ar durante o dia se transformou, nos três quilômetros de aproximação da cidade, em outra ventania repentina, um pouco menos forte que a de ontem. Escaldado, o boné veio adequadamente preso na mão. Por alguma razão, Poros tem tendência a atrair as forças de Eolo. Outro litro de suco de laranja teve final rápido antes do demorado banho e do empacotamento de todos os itens para a mudança para o continente amanhã na hora do almoço.