Uma batida na porta me despertou. Não pretendia atender, contudo a insistência me fez levantar. Achei que fosse um dos vizinhos folgados, que se julgaram no direito de compartilhar a Coca-Cola que havia deixado na geladeira de uso comum. Mas tratava-se de um funcionário do hotel que me entregava um papel com título e três ou quatro linhas datilografadas. Assonado e na penumbra não dei muita atenção ao texto e estava fechando a fresta ao perceber que o mensageiro aguardava resposta, indicando com a caneta que me passava, que deveria acusar recebimento ou aceite. Recusei e devolvi a missiva sem ao menos ter decifrado corretamente as letras, seja pela fraca luz que vinha do corredor ou pela visão embaralhada do sono desfeito. Acho que era algum tipo de convite para o café da manhã de domingo. Nunca vou saber exatamente o assunto já que a carta foi prontamente retomada. Socializar com os hospedeiros e demais inquilinos era algo que não me passava pela cabeça. Nem ficou claro o horário da interrupção, tendo sido abruptamente extraído do segundo sonho. Imaginei porém, corretamente ao verificar mais tarde, que ainda era ontem. Dia novo, moto antigo: Da cama para a praia. Da praia para o chuveiro. Do chuveiro para a cama.