Mais um dia de transferência. Cheguei a cogitar em caminhar até o porto carregando as mochilas. Mas o sofrimento que foi a vinda justificava a utilização do ônibus. Passei no terminal para ver os horários de partida e voltei ao quarto para terminar a arrumação da bagagem. Os prazos de hoje são totalmente descompromissados, apenas de saída do apartamento até 10:30 h e entrada no conhecido de Valeta a partir das 14:00 h. Bastante tempo para enrolar. Saí às 9:20 h e entrei no transporte das 9:30 h, que levou 15 minutos para chegar na estação de balsas. O carro não estava muito lotado, mas optei por manter as mochilas encaixadas, como na vinda. Estava no último banco e havia um pouco mais de espaço para as pernas, apesar de ainda ser apertado. O transporte público de Gozo só utilizava veículos elétricos, que eram muito silenciosos. O valor de ida e volta da travessia de 20 minutos era pago apenas nesta oportunidade, já que não imaginavam que as pessoas poderiam vir à ilha de outra forma. O ônibus à combustão das 10:40 h, no lado de Malta, sairia em alguns minutos, carregando poucos passageiros. Ele não encheu tanto durante o trajeto, porém as obras nas vias fizeram a viagem levar quase duas horas novamente. Deu até para cochilar. Pelo jeito, não teria que aguardar demais a abertura da recepção. Quando o motorista chegou, sentei um pouco no parque na frente da praça do Tritão para passar o tempo, mas não aguentei muito. Uma hora antes do prazo terminei a curta caminhada. Quem sabe eles já estariam recebendo. Não só não me deixaram entrar, como marcaram a entrada apenas para as 15:00 h. Achei inicialmente que era às 14:00 h, como estava escrito na confirmação da reserva. Peguei alguns itens essenciais e fui dar uma volta na livraria, enquanto as mochilas aguardavam ao pé das escadas. Como já sabia quais livros me interessavam não levei muito tempo no local. Após comer um sanduíche de atum, decidi entrar na Catedral de São João. O ingresso de idoso incluia um guia de áudio, que descrevia detalhes, principalmente artísticos, do edifício. Cada uma das nacionalidades da Ordem de São João mantinha uma capela ao redor da nave principal, concorrendo com as demais em termos de luxo e riqueza. As tumbas na cripta acolhiam os primeiros grãos-mestres e uma deslumbrante coleção de tapeçarias com desenhos de Peter Paul Rubens decorava as paredes do templo principal, doação relevante de um dos chefes da confraria, como costumava acontecer nas suas posses. Os dois maiores tesouros eram, no entanto, as pinturas de Caravaggio preservadas no Oratório. Com este intervalo estendido voltei ao hotel apenas às 16:00 h e subi para espalhar as coisas. Fui ao supermercado, que hoje não estava muito bem estocado quanto das vezes anteriores. Ao voltar reparei, depois de revirar os pertences, que não havia trazido o recibo com a lista de preços, que tenho o hábito de sempre de cadastrar. Voltei à loja para importunar o paciente gerente que, após muitas tentativas, conseguiu encontrar o registro no computador. Anteriormente havíamos inclusive visitado o cesto de lixo atrás do papel. Com uma nova impressão e após muito lamentar o transtorno causado, voltei no quarto e enxerguei no chão a nota que esteve ali o tempo todo.