Após a pancada de ontem à noite, verifiquei a previsão e percebi que o céu estaria nublado, porém sem grande probabilidade de chuva. Não consegui ficar na cama depois das 7:30 h e, descartando o café da manhã, segui a sugestão do aplicativo de caminhar pela rota mais curta e direta, deixando o hotel pela última vez meia hora mais tarde. Em 30 minutos havia coberto os dois quilômetros e meio do trajeto, chegando duas horas antes da partida do trem para Viena. Pelo horário até seria possível pegar a ligação anterior e adiantar a viagem em uma hora. No entanto havia comprado a reserva opcional e achei que não valia a pena tentar trocar para mais cedo. Na capital austríaca teria que fazer uma transferência para o destino final em Graz, para o qual não havia adquirido o bilhete. Não previa problema de comprar na hora, contudo. Uma hora antes da partida a plataforma foi anunciada, mas eu fiquei com um pouco de receio de entrar tão cedo, apesar de alguns passageiros já estarem subindo. Vagarosamente o vagão foi enchendo e saiu do terminal completamente lotado. Na parada seguinte as pessoas começaram a ficar em pé no corredor e colocar as malas enormes em qualquer lugar disponível. Mais uma vez, pude confirmar que não era possível viajar sem reserva de lugar na Hungria. Como ela não era obrigatória, havia gente saindo pelas janelas. Dava para perceber que era um serviço internacional, com falantes de inglês, alemão, italiano, hebraico e até eu com o português. Outra decisão providencial foi escolher o destino final onde a rota terminava. Seria muito incômodo descer no meio do caminho pedindo passagem para todo aquele pessoal. Pelo menos a lotação ajudou a diminuir o desconforto do ar-condicionado gelado. A cada parada até a fronteira, o número de pessoas no corredor ia diminuindo e o frio aumentando. As nuvens do lado de fora também não davam trégua. Descobri que a estação principal não era a última em Viena e isso exigia uma pouco mais de atenção na saída. Se bem que achasse que a maioria dos viajantes desceria no mesmo lugar. A maioria continuou até a parada seguinte. Desci sem problema e fui procurar uma máquina para comprar a passagem. Achei meio cara e depois percebi que era com flexibilidade total. Talvez menos flexível fosse mais em conta. Também não vi nenhuma opção para reserva. Era muita informação para absorver e decidir na correria. Ainda esperei 10 minutos na plataforma e outro tanto dentro do vagão super confortável de segunda classe. Apesar do sol fraco, tremi bastante antes de abordar. Dentro estava gostoso. O carro que escolhi contava com apenas seis ou sete passageiros. Na estação seguinte entraram mais alguns, todavia continuou bem vazio. A reserva teria sido totalmente inútil e acho que nem existia. Como nem tudo eram rosas, não conseguia me conectar com a rede disponível a bordo. A chegada levaria duas horas e meia e era improvável que tentasse conhecer alguma coisa no resto da tarde, especialmente com o tempo encoberto e incerto. Após quase um mês nas planícies húngaras, a diferença logo começou a ficar patente quando entrava nos vales montanhosos da Áustria. E só de ver os picos ainda não muito altos e cobertos de vegetação já começava a sentir frio. À medida que o maquinista ia subindo eu ia me perguntando se estava realmente preparado para uma aventura dessas. Acreditava que o trem estava subindo apenas para descer do outro lado, já que seria inviável posicionar uma cidade grande no meio dos precipícios. E isso era apenas o pré-início da cadeia alpina. Na chegada à cidade as nuvens começaram a dar passagem ao sol e o dia ficou bem bonito. Andei o quilômetro e meio até o hotel e fui admitido rapidamente. Subi a escada para o meu quarto no primeiro piso e, atrapalhado que estava com todos os pertences meio abertos, não reparei nos degraus extras que desciam para a sala de distribuição e levei o maior tombo com as duas mochilas. Até ralei o joelho no chão forrado de carpete. O quarto tinha um bom tamanho, mas a cama era de solteiro. A internet, que era o importante, pareceu responder adequadamente. Apesar do sol, estava com muita preguiça de sair novamente e apenas estudei as opções de caminhadas pelo mapa eletrônico. Parece que havia muitos lugares para conhecer. Fiquei mal acostumado com a internet a jato do segundo hotel de Budapeste. Lá as transferências para o provedor eram extremamente rápidas. Aqui dava para fazer tudo, porém numa velocidade muito menor.