Para organizar e planejar a visita de Leros dividi a ilha em setores. O de ontem estava centrado em Xirókampos e incluiu o início na região de Panteli, vizinha do hotel. Para hoje reservei a margem direita da baía de Lakkí, já que a outra parece ser em grande parte usada como base militar. Pretendia escolher uma praia para passar parte do dia, mas nenhuma das poucas que observei me atraiu e decidi aproveitar que a estrada de hoje era circular e totalmente pavimentada para prolongar a caminhada. Com o desmantelamento do Império Otomano no início do século XX coube à Itália a área que engloba as ilhas do arquipélago Dodecanisso no Mar Egeu, onde estou. Os italianos edificaram muitas das construções que são atualmente atração turística e sua dominação durou até o fim da Segunda Guerra. A ilha de Leros em particular foi privilegiada pelas intervenções porque é onde fica o porto seguro da baía profunda de Lakkí, que os fascistas desejavam transformar em centro dessa parte do Mar Mediterrâneo. Os túneis escavados no esforço de guerra foram revitalizados e são modernamente a sede do Museu da Guerra em Merikiá, uma vila na baía de Lakkí. A responsável estava cuidando da limpeza antes da abertura das 9:30 h. Como o assunto não me interessa muito me dei por satisfeito com a pequena verificação que me foi permitido realizar nos metros iniciais da instalação, onde fotos e documentos históricos adornam as paredes que sustentam o teto abobadado. Andei até a margem da baía, continuando pela rodovia que circunda o grande golfo e fiz um desvio para chegar ao farol na entrada que dá para o mar aberto. Ao contrário do que imaginava a estrada não segue sempre pavimentada, como me fez crer o mapa eletrônico. A simbologia adotada era a mesma por toda a extensão porém, na realidade física, o asfalto cede lugar para chão batido pouco após a torre de sinalização para os navios. Decidi sustentar a escolha e terminei o percurso todo empoeirado pela ventania, que continua muito forte. Como ainda tinha muito tempo entrei na bifurcação que vai até o Mosteiro dos Santos Anjos, com um curioso horário de abertura por uma hora no fim das tardes. Os fundos do templo estão virados para uma bela praia isolada cujo acesso, aparentemente, tem início dentro da propriedade. Perto fica a minúscula Igreja de São Pedro, enfeitada com pinturas de santos na madeira. Voltei para o entroncamento principal para descer para o balneário de Drymonas (leia drimônas), já avançando em terreno com visita inicialmente planejada para amanhã. Em mais uma antecipação continuei para a praia vizinha na vila de Gourna (leia gúrna) e resolvi completar o trajeto contornando novamente a baía de Alinda. Dessa vez, ao contrário do primeiro dia, segui até o fim do fim, reparando que por poucas centenas de metros a entrada do oceano não é impedida interrompendo a ligação com o Castelo num círculo completo. Antes de retornar para o quarto entrei no supermercado que descobri a menos de 100 metros da hospedagem. Nesse horário ele estava aberto e deu para abastecer a geladeira mais um pouco, principalmente com frutas.