Outra manhã preguiçosa com céu nublado. Segundo a previsão, havia alguma possibilidade de chuva até 10:00 h. Aproveitei para esticar o sono, sem mesmo descer para a refeição matinal. Mais uma vez, não tinha destino certo e decidi fazer o circuito do anel que envolve a cidade no sentido contrário ao de anteontem. Com efeito, as nuvens começaram a se espaçar e o calor pôde se apresentar. Perto do hotel ficavam duas modernas arenas esportivas e a arquitetura das edificações que abrigavam empresas internacionais era bastante arrojada. Passei para a margem de Buda atravessando a Ponte Rákóczi (leia racótssi), que já havia utilizado da outra vez. Caminhei pela marginal do Rio Danúbio e comecei a perceber vários sinais de preparação da grande festa de Santo Estêvão na terça-feira. Por questão de dois dias não iria poder acompanhar os festejos, que deveriam ser bastante agitados, com apresentações animadas por efeitos luminosos e pirotécnicos. Passei por diversas praças de alimentação e muitos palcos para shows musicais. Os preparativos incluíam dezenas de colunas de alto-falantes, geradores, banheiros químicos e muita grade para impedir a passagem de veículos e direcionar o fluxo de pedestres. Como estava do lado certo do rio, pude visitar o mirante da ponte que levava o nome da rainha Elisabete, mais conhecida como Sissi, e esposa do Rei Francisco José I. Ela tinha especial predileção pela Hungria, que era destino de muitas de suas inúmeras viagens e foi assassinada por um anarquista italiano em Genebra. A escadaria do belvedere conduzia ao patamar com a estátua de São Gerardo, bispo e patrono do país. Os nomes da personalidades húngaras eram bem diferentes do padronizado internacionalmente. Aqui ele era chamado de Gellért e a Sissi era Erzsébet. Além de Buda e Peste uma terceira cidade se juntou em 1873 à unificação para compor a capital da Hungria. Óbuda, que significava antiga Buda, foi construída no local de um posto de legionários romanos e muitas ruínas foram escavadas na região, dentre elas o anfiteatro, as termas e uma das portas que dava acesso ao recinto fortificado. No segundo século depois de Cristo o imperador Trajano definiu a cidade de Aquincum como capital da província da Panonia Inferior e ela chegou a ter 50.000 habitantes. Numa passagem para a praça central da cidade moderna ficava um excelente conjunto de 18 painéis com biografias de alguns imperadores romanos, reis e santos da época medieval e personagens da política moderna do país. Acho que havia um outro conjunto de escavações arqueológicas na margem oposta do Rio Danúbio, porém a visita já estava bem demorada e precisava voltar para o hotel, atravessando o centro. Apesar de a festa ser somente em dois dias, os palcos e quiosques do lado de Peste também já estavam bastante movimentados.