Está difícil sair cedo. Consegui deixar o quarto hoje às 8:00 h mas tive que voltar pouco depois para pegar o protetor de careca. Por sorte reparei bem no começo da caminhada para a primeira zona arqueológica. Tirynthas (leia tírinta) fica a somente três quilômetros do hotel seguindo no sentido contrário ao de ontem pela avenida que passa na frente da hospedagem e vira estrada pouco adiante. Antes de começar o dia na rua realizei algumas pesquisas na internet para verificar os horários de abertura e não ser pego de surpresa. A Cidadela de Tirynthas não constatava da relação e ao me aproximar receei que estivesse fechada, pela aparente falta de movimento. Depois da esquina pude ver o portão aberto e o estacionamento com alguns carros. Acho que apenas os turistas entusiastas de ruínas visitam esse parque. A grande atração é o de Micenas, para o qual havia reservado outro dia. A civilização micênica floresceu entre os séculos XV e XII a.C. e sucedeu os minóicos da ilha de Creta. Junto com a capital teve grande participação na Guerra de Tróia e foi destruída por terremotos e pelos adversários da cidade vizinha de Argos. Respeitei o prazo de uma hora estimado para o passeio e às 10:15 h retomei a estrada para conhecer as ruínas da rival. Para evitar a rodovia entrei numa ciclovia que seguia até o Golfo das Argólidas, cujo contorno me daria a oportunidade de aproximação do destino sem enfrentar muito movimento, pelo que esperava. Pura ilusão. A via marginal serve de rota alternativa de ligação entre os povoados da costa e tinha bastante tráfego e barulho. Após suportar alguns quilômetros de desconforto chegou o momento de retornar para o interior por meio de uma estrada rural, bastante longa e tranquila, atravessando campos com muita plantação de laranja. Ao contrário do que aconteceu à beira da água, o forte vento não ameaçou levar meu chapéu embora e transformou o percurso em cansativo porém agradável deslocamento, prejudicado apenas brevemente pela presença do enorme aterro sanitário, mal cheiroso e infestado de moscas. As pessoas precisam estar muito desesperadas para se sujeitar a procurar algum resto no topo daquela montanha de lixo fétido. O cansaço atrasou o roteiro e só entrei em Argos às 13:00 h. A cidade moderna é bem simpática e agradável, porém ela oferece também construções da época clássica, que se espalham pela base do morro do Castelo, de período mais recente. Não tive coragem de subir até a imponente estrutura mas andei na parte baixa pelo teatro e a praça onde se desenvolvia a vida do cidadão grego. O museu arqueológico está passando por reestruturação, aparentemente há décadas e sem previsão de entrega. Uma placa no portão especificava os horários de abertura para contemplação dos artefatos da área externa, que não incluíam os fins de semana nem entradas após as 15:00 h, que era meu caso. Pretendia completar o itinerário a pé após ter me recuperado da estafa, descansando em diversos bancos e praças na aprazível cidade. Estava apenas na dúvida entre seguir o trajeto direto pela rodovia movimentada ou voltar para o litoral e contornar o golfo. Fiquei com a segunda opção lembrando do caminho de terra não muito atraente paralelo ao asfalto. Contudo não foi necessário usá-lo. O tráfego não estava tão pesado e havia inclusive um estreito acostamento durante a maior parte do trecho. Após dez horas de exercício o itinerário chegou ao fim às 18:00 h, depois de uma visita ao supermercado próximo.