Troquei o suco horrível por uma caneca de chocolate não muito melhor. Aproveitei a manhã nublada para decretar meio feriado de Santo Estêvão e só saí da cama às 10:30 h, quando o céu estava um pouco mais claro. Havia cogitado de fazer uma viagem ferroviária rápida para uma cidade histórica, porém resolvi continuar caminhando na capital. Estava andando havia uma hora e meia, bem longe do alojamento portanto, quando as nuvens ameacadoras, acompanhadas de raios e trovões, começaram a se aproximar rapidamente. Não era meu destino, mas imaginei que teria mais chance de encontrar refúgio no grande Parque do Povo, do qual estava próximo. Com os pingos engrossando, apressei o passo, porém não deu tempo de chegar na Casa da Música, onde poderia sentar sob as marquises. Tive que entrar num moderno banheiro público e aguardar. Com uma trégua temporária da garoa, tentei chegar na proteção mais efetiva. Devia ter ficado onde estava. Isolado e silencioso, o local era o oposto da bela construção musical. Um enorme grupo turístico falando húngaro logo se juntou ao meu lado, com a guia dando dicas sobre o que visitar no tempo livre. Só fiquei sabendo porque uma das integrantes da turma traduzia para alguns outros num espanhol quebrado. Felizmente a instrução não durou muito e as pessoas logo se dispersaram. Da mesma forma que as nuvens mais pesadas. Esperei mais alguns minutos para ver se as condições melhoravam ou pioravam e considerei o momento apropriado para continuar a caminhada, depois de trinta minutos do início da pancada. Em inspeção mais rigorosa reparei que não havia indício de passagem das nuvens e decidi aguardar a aproximação de um espaço mais claro na distância para voltar para o hotel e encerrar o dia. Sem muita paciência fui andando sob os pingos mesmo. Mas tive que me abrigar por alguns momentos no meio do caminho. Assim que cheguei a chuva aumentou novamente, porém parecia que pela última vez. O sol voltou a brilhar em seguida, porém aí já era tarde para aproveitar.