Acordei mais tarde e com vontade de ir para a praia. Não era um desejo muito fácil de satisfazer e tentei voltar o pensamento para a viagem que pensava em realizar. Tinha escolhido a cidade de Ferrara, bem mais próxima, a apenas meia hora de distância. Ao fazer as consultas na bilheteria automática acabei mudando de ideia e comprei a passagem somente de ida para Rimini, que fica no litoral. Dessa vez pude pagar com o cartão e ainda não consegui entender em que situações isso é possível. Dependia do dia, da distância, do destino, do valor, da máquina, do horário... Não deu para perceber nenhum critério. O principal atrativo de Rimini não era a praia mas a ligação rodoviária de uma hora com o vizinho San Marino, país pelo qual sempre me senti atraído. Carregava a tabela de horários no celular e iria ver se era possível realizar o passeio. Com a saída do apartamento às 8:20 h cheguei em cima da hora para entrar no trem de Ancona, que ficava uma hora e quinze minutos depois da minha parada em Rimini. Em passo apressado segui para a plataforma onde o condutor dava o último apito. A porta perto da qual saía a escadaria não funcionava e tive que dar uma corrida até a seguinte. O trem regional de dois andares estava lotado, com gente sentada nas escadas. Fui para a parte de cima e enxerguei uma poltrona cheia de sacolas do lado de uma japonesa. A viagem iria ser muito longa para ir de pé e tive que aceitar a cadeira que ela estava reservando para mim. Depois de me instalar comecei a pensar que talvez tivesse entrado no trem errado mas, com todas as indicações, esse não foi o caso. Na primeira parada uma voz passou a alertar sobre a importância de se preparar antecipadamente para a saída evitando as portas fora de serviço marcada com um X vermelho. Continuou lotado até eu descer às 10:00 h. Comprei a passagem de volta, pela qual também pude pagar com cartão, e saí da estação para entrar no escritório que revendia o bilhete de ônibus para San Marino. Aqui eles não aceitaram o cartão e tive que me desfazer de algas notas de euro. Me assustei com a quantidade de gente que esperava no ponto e notei que a parada inicial era numa praça perto da praia. Calculei que teria tempo de caminhar o quilômetro e meio e entrar num carro mais vazio. Foi um sufoco. Apesar de ter acelerado bastante o passo cheguei quando o motorista já fazia a volta na praça. Como ia passar por mim fiz o sinal e ele parou. O veículo já estava quase cheio mas pude sentar numa poltrona de janela e aguardar enquanto o grande número de viajantes subia no ponto seguinte. As pessoas que ficaram no fim da fila, sempre desorganizada, viajaram de pé. Parece que os russos gostam muito de San Marino. Além dos horários também escritos na língua eslava, diversos passageiros falavam o idioma. Não esperava nenhum controle de fronteira mas imaginava que houvesse ao menos um marco delimitando a divisa entre os dois países, mesmo que apenas com objetivo turístico. A única identificação que percebi foi uma frase de boas-vindas afixada numa passarela de pedestres que atravessava a estrada. Depois de chegar às 11:30 h, andei por duas horas pelas ladeiras e fortificações da cidade de San Marino, capital da pequena república, passando pelo Palácio de Governo, Basílica e mirantes com belas vistas panorâmicas. Resolvi voltar mais cedo para tentar conhecer também o balneário de Rimini e verificar se ele merecia uma visita especial ou se apresentava alguma praia agradável. Achei que antecipar a volta fosse facilitar as coisas com a lotação do ônibus, mas muitos passageiros tiveram que fazer a viagem de pé. Andei por quinze minutos para cada lado ao longo da enorme praia de Rimini. A faixa de areia, além de longa a ponto de passar por outras cidades, era muito larga. A curiosidade eram as calçadas assentadas na areia até quase a beira da água. Tudo cercado por milhares de espreguiçadeiras e guarda-sóis. No caminho de volta para a estação ferroviária atravessei parte de um parque linear e contornei o Anfiteatro romano. Não cheguei a caminhar até a foz do rio paralelo ao qual foi construído um canal e a marina mas duvido que a área oferecesse alguma atração imperdível. A saída para Bolonha estava marcada para as 16:44 h e um trem enorme já estava estacionado na plataforma com bastante antecedência mas ninguém entrava. Quando subi, quinze minutos antes da partida, descobri que era porque o interior estava um forno. O receio de que fosse enfrentar mais um transporte lotado não se confirmou, com apenas poucas pessoas dividindo o vagão comigo. No caminho foi enchendo, mas com espaço suficiente. No hotel foi mais uma transmissão de fotos impressionantemente rápida.