Além das residências nas encostas a cidade também ocupa a grande península Lapad, que protege o porto e avança pelo mar. Antes de retomar a visita cultural no centro antigo segui em direção ao terminal marítimo perto do qual fica a rodoviária intermunicipal. Pretendia comprar a passagem para a Bósnia pela internet mas queria antes verificar as condições pessoalmente. O trajeto foi basicamente o reverso da entrada de ontem na hora do almoço e às 8:00 h iniciei a caminhada de dois quilômetros. O céu completamente nublado me fez cogitar de uma troca de planos. O cartão de sete dias que recebi no escritório de turismo inclui, além de visitas a museus e atrações, dez passagens em ônibus urbanos e quatro para os intermunicipais. Na estação rodoviária não encontrei itinerários, apenas o guichê dos bilhetes. Contudo, ali tem início a linha que vai para a cidade vizinha de Cavtat (leia tsavtat). Era possível que tentasse percorrer os dezoito quilômetros à pé, mas a facilidade me deu a a oportunidade de verificar o que havia pelo caminho. Um veículo já estava estacionado e, como a tabela de horários mostrava que a ligação só sairia às 9:00 h, fui sentar na sala de espera. Em pouco tempo vi o motorista indo embora. Pelo visto os horários estavam desatualizados e as viagens são mais frequentes. As cidades turísticas, e creio que nas brasileiras não seja diferentes, enfrentam um grande dilema quanto aos grandes navios de passageiros. Em Dubrovnik a discussão continua atual, com proponentes defendendo a redução ou, ao menos, a regulamentação, desse tipo de transporte que, além dos benefícios econômicos, traz muito incômodo para os habitantes locais. Foi bom ter entrado no ônibus para o balneário vizinho no ponto inicial porque, a cada nova parada, entrava uma fila de gente. Não chegou a lotar mas tive a facilidade de escolher meu assento com vista para o oceano. A carona de cinquenta minutos mostrou que o litoral é bastante montanhoso e talvez os planos de caminhada devam ser alterados. Um sol tímido voltou a aparecer mas era prejudicado pelo forte vento. Iniciei o passeio pelo lado interno da península, que dá de frente para uma grande baía e enormes montanhas ao fundo. Uma agradável calçada segue a linha da água, fazendo o contorno e chegando ao centro, em outra baía. Dois prolongamentos em forma de pinça cercam o trecho principal da cidade, como dedos prestes a se fechar na proteção dos iates monstruosos ancorados ao longo do calçadão. Dá ideia de que o esporte favorito é sentar sob a sombra das palmeiras torcendo para ver algum famoso. Após uma manhã satisfatória, explorando o simpático ambiente e andando pelas trilhas nos boques e vielas urbanas, voltei para Dubrovnik no ônibus das 13:00 h. O sol continuava tímido, ideal para visitas culturais. Desci no portão principal para começar a utilizar o cartão das atrações. A primeira foi o Mosteiro de São Francisco, com exposição da farmácia antiga com textos manuscritos sobre farmacologia que remontam ao século XVI, além de objetos e pinturas sacros. As lunetas do claustro são decoradas com pinturas sobre a vida do santo. Um interessante painel apresenta bandeiras de países cujos líderes estiveram no museu. Consegui identificar a asssinatura da inglesa Rainha Elizabeth de 1972 e do tcheco Vaklav Havel de 2000. Claro que o Brasil não tem representante. Depois de subir e descer diversas escadarias decidi que deixaria as demais atrações incluídas no cartão para outro dia. Entrei na igreja dos Jesuítas e na saída desci a escadaria que ficou famosa como locação da série Game of Thrones da HBO. Além das nuvens desanimadoras, que me lembravam dez anos atrás, já era hora de me por no caminho de volta para o hotel.