A bandeira laranja na casa de máquinas não dizia a que horas seria a abertura, que não aconteceu enquanto eu atravessava. Ainda não deu para descobrir com que antecedência eles avisam, a menos da sirene estridente que toca no momento do travamento dos portões. Após vinte minutos de caminhada cheguei no terminal de Otrobanda com quase três quartos de hora de antecedência para a partida das 9:00 h da linha mais longa, que vai para a ponta oeste. Meu objetivo era descer um pouco antes, na entrada do Parque Nacional Shete Boka (sete angras), que reúne um total de dez enseadas, apesar do nome. Algumas trilhas permitem caminhadas relativamente curtas e queria experimentar a atração antes que a preguiça do final da viagem aumentasse ainda mais. Cheguei na bilheteria às 10:00 h e, segunda as informações da funcionária, a visita seria mais curta do que imaginava. Estava me preparando para iniciar ao passeio, analisando o mapa fornecido com o ingresso e estudando o melhor roteiro quando chegaram os ônibus de turismo. Para não me misturar com a multidão usei mais tempo do que o necessário para começar a visita. A atração mais famosa é uma gruta e imaginei que o grupo principiaria por ali. Resolvi completar a primeira trilha, que tem duração estimada de uma hora, para tentar evitar os demais visitantes. Parece que o guia ia se restringir ao prato principal. Na Boka Wandomi além da enseada como nas demais, existe uma ponte natural escavada pelo mar sob o penhasco. A fadiga muscular de ontem ficou patente ao enfrentar os poucos degraus no caminho para a ligação de pedra. Seis lances de escada, para ir e voltar, causaram grande peso nas coxas idosas. A baía seguinte era a mais famosa e visitada. Boka Tabla, além da arrebentação forte, dá acesso a uma pequena gruta, adaptada aos visitantes com um chão metálico e um banco de madeira no fundo para apreciar o movimento do mar. Descobri que a água pode cobrir os incautos quando a maré está muito forte. Ainda visitei Boka Kalki e Boka Pistol, a mais espetacular por causa dos esguichos nas alturas jorrados através de uma pequena fenda. Essas formações estão espalhadas às dezenas pela ilha e a quantidade talvez tenha limitado a criatividade com os nomes, repetidos duas ou três vezes em locais diversos. Deixei o parque às 13:00 h, bem antes da passagem do ônibus que, pelas minhas contas, só aconteceria mais de uma hora mais tarde. Cheguei a pensar em voltar a pé mas, com os 35 quilômetros de distância, só chegaria no hotel bem depois de escurecer. Poderia andar somente um trecho e entrar na condução um pouco mais à frente. Porém quem não deixou foi a preguiça. Tinha bastante nuvem no céu porém o sol aparecia com frequência e estava forte. Não foi o caso da capital. Se estivesse menos nublado eu até poderia pensar em ficar uma hora na praia. Um grande cargueiro estava prestes a entrar na baía e, para tanto, a ponte estava aberta por tempo mais longo. Aproveitei para experimentar a travessia pela barca gratuita. Não adiantou muito porque o piloto teve que esperar o navio passar e, em seguida, os pontões sobre os quais se apoia a ponte já começaram a se mover. Valeu o teste, contudo.