Ao sair à varanda após acordar às 6:30 h percebi que seria melhor transferir o casaco para a mochilinha. Na recepção devolvi os controles e a chave para o falador Dimitri, que fez questão de imprimir um mapa da Ilha de Skopelos (leia iscópelos), de onde ele é original, e apontar todos os restaurantes e bares que ele considerava interessantes. A grande referência sobre a ilha é como local de filmagem de Mamma Mia. Quando disse que não havia assistido ele opinou que eu havia sido o único. Ele falou tanto que eu até esqueci da primeira providência que deveria tomar antes de sair do hotel. Planejava acessar a rede do térreo para limpar a caixa postal mas saí antes de lembrar. Na rua dei uma meia-volta e completei o acesso a partir da calçada mesmo. Afinal era rápido o que tinha que fazer. Atravessei a avenida para entrar no terminal marítimo e fiquei com um resquício de dúvida quando vi algumas pessoas formando fila no quiosque da companhia de navegação ainda fechado. Imaginei corretamente que eles estivessem lá apenas para fazer o que eu havia feito ontem: imprimir o cartão de embarque. Segui para a extremidade do cais, onde surgiu a balsa, ofuscada pela vizinha muito maior do concorrente. Ainda estava muito cedo porém o embarque já era permitido. Resolvi levar toda a bagagem para cima, ao invés de largar a mochilona no depósito da garagem, que nem sei se existe nesse barco. No primeiro andar entrei num salão com várias mesas e poltronas confortáveis e me apropriei de um conjunto de quatro lugares no canto. O ambiente ainda estava vazio, mas não sabia por quanto tempo, ou se poderia manter a mesa só para mim. Muitas pessoas entraram e muitos mais optaram pelos bancos de madeira da coberta superior. Assisti o início da navegação apoiado na amurada no bordo em que o sol brilhava fraco. O céu estava com muitas nuvens e elas logo encontraram o astro. O mormaço continuou, contudo, e era bem mais agradável acompanhar a viagem do lado de fora do que no ambiente interno, barulhento e gelado. A travessia foi muito bonita, com um longo percurso no interior do golfo de Volos e a parada intermediária na nublada ilha de Skiathos. A volta na ilha de Skopelos me permitiu reconhecer parte do terreno por onde pretendia caminhar nos próximos dias, se o tempo ajudasse. O comandante foi acumulando minutos e chegou no meu destino com atraso de meia hora. Com o auxílio do GPS acho que não teria encontrado o caminho do hotel, já que o mapa eletrônico não é muito detalhado e a região é totalmente fechada ao tráfego de veículos. No entanto várias placas indicavam o curto percurso desde o porto. Cheguei às 13:10 h e não encontrei ninguém, apesar de o portão estar convidativamente destrancado. Na porta da pequena recepção debaixo da escada havia um papel pregado com um número, que achei ser um telefone para chamar alguém. Havia um aparelho sobre a bancada mas não conseguia digitar o número e nem recebia sinal de linha. Finalmente decidi me aventurar mais para o fundo do quintal e encontrei a arrumadeira. Sem falar inglês ela me mostrou o apartamento e avisou que iria chamar o patrão. Apesar de a resposta ser de que seria atendido em cinco minutos, meia hora se passou e não veio chefe nenhum. O quarto parece ótimo, claro e colorido, com cozinha e sofá. Notei a mesma sequência de dígitos em um cartaz sobre a penteadeira e percebi que se tratava do código da internet. Como teria que aguardar comecei a me instalar e fazer testes com o acesso, que pareceu excelente. Quando completou uma hora de espera resolvi sair para o reconhecimento. Prefiro pagar logo e ficar livre do encargo, mas se não há ninguém para receber, paciência. Na saída dei de cara novamente com a faxineira que disse que a Sofia chegaria em cinco minutos. Parece que é até quanto ela sabe contar em inglês. No lugar da Sofia apareceu um grego para dar as boas-vindas. Fiquei na dúvida se o nome se aplica ao gênero masculino. De qualquer forma não teve jeito de ele aceitar o pagamento, por mais que eu insistisse. Deixei o quarto às 15:00 h com a intenção de conhecer as primeiras praias. Além das mais próximas do centro, que ficariam para outra oportunidade, duas estão a curta distância da capital. Stafilos (leia istáfilos) é uma longa extensão, em termos de Ilha, e é acessível a partir da estrada por uma escadaria pequena. Andei até a outra ponta, caminhado sobre uma mistura de areia e cascalho, até que apareceu uma passagem para a vizinha Velanio (leia velânio). Uma sequência de três pequenas baias separadas por rochedos, que também conta com aluguel de espreguiçadeiras e guarda-sóis. Não me dei ao trabalho de descer para o nível da água, ficando contente em apreciar a paisagem de cima. O tempo nublado não atraía muitos banhistas mas o mormaço estava agradável. Refiz o percurso com a intenção de parar num dos supermercados do caminho para me abastecer por parte da próxima semana. Ainda não me acostumei com os becos que conduzem ao hotel. Ele parece que fica no centro de um grande quadrilátero com apenas uma rua interna e precisa subir e descer ladeiras para atingir o meio.