No mesmo horário de ontem saí logo cedo do hotel para tentar uma longa caminhada por algumas praias novas do lado sul de Kefalonia. Tinha a impressão de que esta era a área mais turística da ilha, com vários balneários se dedicando aos pacotes de visitantes. Em trinta minutos cheguei no ponto a partir do qual retornei na visita do primeiro dia, reparando que todas as praias deste flanco demoram bastante para receber os primeiros raios do sol, que têm que superar o morro próximo. Pelo itinerário proposto seguiria diretamente para o destino final definido na praia do Mosteiro de Sission (leia síssio) a aproximadamente 20 km do hotel e de lá retornaria entrando nos acessos para as diversas enseadas. Apesar dessa intenção, o percurso pelo interior estava muito chato e comecei a fazer desvios para tornar o passeio mais interessante. Primeiro parei na praia de Ammes (leia ámes), na cabeceira do aeroporto e em seguida fui para Ai Helis (leia ái rrélis). A terceira entrada foi na praia de Avithos (leia avítos) e a vizinha Lygia (leia ligiá), na qual não cheguei porque tinha que atravessar uma região de pedras sobre o mar. Todas com distância de aproximadamente dois quilômetros entre si. O desvio foi mais longo do que supunha e comeu duas horas do meu precioso tempo. Fiquei com medo de arriscar o trajeto pelos inúmeros traçados pontilhados do mapa eletrônico e achei melhor fazer uma grande volta para continuar pela rodovia principal. Inconformado por não ter atravessado as pedras para a praia de Lygia, segui algumas dobradas e consegui acesso a um platô de onde podia ter uma vista parcial do alto, que incluia também as areias de Avithos. De volta à parte tediosa da estrada pelo interior, e depois de subir bastante, no simpático povoado montanhoso de Kourkoumelata (leia curcomeláta), passei pelo monumento a Lord Byron, o poeta romântico inglês que lutou ao lado dos gregos contra o domínio turco na guerra de independência. Na descida para as praias mais distantes encontrei um cemitério micênico usado no século XII a.C. e o Castelo de São Jorge. Estava em grande dúvida quanto a continuar o passeio porque havia muito caminho e pouco tempo pela frente. Resolvi tentar a descida até a praia mais próxima de onde estava e ver o que acontecia. Em todo o percurso desde a necrópole arcaica vinha pensando na viabilidade do meu intento. Finalmente às 14:30 h, não tendo me aproximado muito do mar e não notando sinal de ladeira descendente, percebi que não seria possível chegar no destino previsto tão cedo e decidi dar meia-volta, já que calculava que teria que caminhar pelo menos mais três horas para retornar para Argostoli. Como estava num cruzamento e para não repetir o trajeto, virei a esquina para pegar outra rodovia de volta para a capital. Imaginava que talvez a altura fosse um pouco maior mas encarei o fato como penitência por não ter cumprido o compromisso. Isso só foi verdadeiro brevemente no início. Depois de poucos quilômetros o trajeto foi todo com inclinação favorável. Atravessei a pacata vila de Karavados e cheguei na estrada principal, bem mais movimentada e barulhenta do que as anteriores. Passei pela base da colina sobre a qual foram erigidos o povoado de Kastro e o Castelo de São Jorge, mas nem a curiosidade por conhecer seus construtores e sua história me deu coragem de subir a distância de um quilômetro e meio e o desnível de 150 metros. Começou então o trecho mais aborrecido do passeio. Mesmo não precisando de muito esforço, a estrada não oferecia nenhum motivo para contemplação. Os seis quilômetros até a entrada na cidade demoraram para passar e por vezes o vento simplesmente desaparecia. Nos últimos quilômetros a estrada até ganhou uma pista extra, mesmo que a intensidade do trafego não justificasse tanta sofisticação. Surgiu então uma surpresa agradável na forma do parque criado nas margens da baía interna. Lendo as informações disponíveis fiquei sabendo que esse fundo de golfo é chamado de lagoa, sendo praticamente isolado do resto do espelho aquático pela ponte ligando as duas margens construída em 1812 para os ingleses pelo arquiteto suíço De Bosset. Essa área fechada serve de viveiro para algumas tartarugas marinhas que nadavam placidamente enquanto eu completava o trajeto. Não cheguei a atravessar completamente a estrutura, indo apenas até a metade, onde foi erguido um obelisco. O dia terminou às 17:30 h com a subida da ladeira íngreme do hotel.