13/jun/24

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15/jun/24

Com traje compelo, esperei sentado na cama enquanto contemplava a forte chuva. Decidi colocar toda a roupa não só por causa do frio, mas também para liberar espaço na mochilona. Por enquanto ela não está abarrotada, porém um quilo a menos nas costas fazia alguma diferença. Poderia esperar mais uma hora e meia e então não haveria remédio. Teria que enfrentar 100 metros de aguaceiro. Decidi não aguardar a última hora, deixei a chave pendurada na fechadura e me molhei um pouco para atravessar a rua. Passei a acompanhar o clima ruim sentado num banco protegido na estação. O trem das 11:11 h para Bordeaux era uma regional, sem reserva de lugar, e estava no horário. Tive o bom senso de escolher hotéis próximos aos terminais, o que evitava grandes deslocamentos carregado e, especialmente, em condições não cooperativas como as desta temporada. A previsão para os próximos dias não era muito animadora. Pouco antes de abordar, passei na bilheteria humana para confirmar se ainda era necessário carimbar a passagem ou se isto era coisa do passado. A vendedora informou que, se o bilhete contivesse algum tipo de código, não seria preciso. Me dei por satisfeito, mas achei melhor voltar e mostrar o que eu tinha. Ela disse que aquele tipo requeria a estampa das máquinas na transposição para a área dos trilhos. Era tão raro ver estes aparelhos, outrora tão frequentes, que achei que fossem ultrapassados. O vagão era bastante confortável e deu para sentir algum ar aquecido. Fiquei receoso com a lotação pelo movimento na plataforma, contudo encontrei um conjunto de quatro poltronas livres com facilidade. Quando o comissário passou para a verificação, sugeriu a aquisição de um cartão de transporte na região que daria direito a descontos de 50%. Quando estive na Bretanha, comprei o cartão de idoso, mas não cheguei à conclusão se valeu a pena. Agora que já estava na metade da viagem, perece que não traria vantagem. Teria que me informar melhor. Faltavam diversas conexões, no entanto. À medida que se aproximava do destino final, o trem foi ficando mais cheio, até não sobrar vagas no meu vagão. No meio da jornada trocaram o aquecedor pelo resfriador. A viagem de duas horas e meia chegou ao fim 30 minutos após a abertura do registro no hotel Ibis, mais um vizinho do terminal. Pelo menos havia parado de chover. A impressão inicial do quarto foi menos do que razoável, porém o banheiro deixava muito a desejar, meio anexo ao pé da cama. A vista, por outro lado, era muito boa. Contudo, o mais crítico era a internet, daquelas que faz tudo menos a conexão com o provedor. Entrei no tablet para confirmar e foi a mesma coisa. Felizmente funcionava na estação de trem movimentada. Agora que estava acostumado, não entrava mais em desespero, porém era um grande inconveniente. Saí às 14:30 h para a primeira adaptação e reconhecimento das cercanias. A partir das 18:00 h estava prevista nova onda de chuvas. Resolvi ser corajoso e tirei todo o excesso de roupa. 20° C ainda era tolerável, desde que sem vento. Faltou combinar com o vento mas, mesmo assim, não foi nenhum tormento. Acho que saí justamente para o lado mais degradado da cidade. Apesar de alguns edifícios modernos, havia muita rua velha e bastante obra. Talvez estejam renovando a área. O motivo real para deixar o quarto antes do fim do dia era encontrar algum supermercado por perto. Passei por várias, porém escolhi um que me agradou mais, não muito longe. Pretendia caminhar para o centro e a parte histórica de Bordeaux, contudo os poucos pingos que me apanharam no caminho deixaram um gosto de preguiça. Após meia hora passada dentro do quarto percebi a nova precipitação. Esperava que terminasse logo para eu ir à estação transmitir os dados do dia. Antes de sair para a rua, tentei mais uma vez no quarto e na recepção. Sem sucesso, a solução foi o terminal ferroviário. Foi um pouco lento, provavelmente por causa da quantidade de pessoas. Mas funcionou. A segurança estava expulsando da sala de espera todos que não tinha viagem marcada. Eu não tive problema porque estava de pé no corredor. Além do desconforto que era sair especialmente para transmitir os dados, outra desvantagem eram alterações que fazia enquanto corrigia o enviado. As mudanças teriam que ser novamente transmitidas para o servidor e isso implicava em nova visita aos trens. Claro que ficou tudo errado para conserto na versão do próximo dia.