Aproveitei que aqui não teria faxina para ficar até um pouco mais tarde na cama. Não funcionou muito. Às 8:30 h uma batida na porta me tirou do segundo sono. Meio tonto, sem saber para onde ir, verifiquei que o visitante estava procurando o proprietário de um Suzuki vermelho que atrapalhava seu caminho. Na dúvida se engatava novo cochilo, peguei o tablet para programar as visitas, estudando o guia eletrônico e os mapas. Com uma hora de investigação determinei uma possível rota, que iniciei às 10:00 h. Victoria é chamada pela população local e identificada nas placas com o nome alternativo Rabat que, imagino, seja uma palavra árabe genérica para se referir à capital. Comecei o passeio do dia entrando no Jardim Villa Rundle, que ficava bem na frente do apartamento e tinha uma decoração quase que cenográfica, com enfeites de plástico na forma de mandalas e animais espalhados pelas alamedas. Saí pela rua de cima e verifiquei a localização do terminal de ônibus. Não tinha intenção nenhuma de usar o transporte público, porém era uma alternativa para situações extremas. Do outro lado da rua ficava a Igreja de São Francisco com a estátua do santo no extremo da praça. Voltei para a avenida principal, a mesma do meu alojamento e andei até a Praça da Independência, com um lado ocupado pela edificação arredondada que atualmente abriga o conselho da cidade. Na praça vizinha ficava a Basílica de São Jorge, toda enfeitada como, em geral, são as igrejas de Malta. Após passar pela Igreja de Santo Agostinho, iniciei a descida para o litoral. Enquanto 90% da população do país mora na ilha principal, Gozo tem muito mais água e plantações. O córrego Xlendi vem há milênios escavando um profundo vale em seu fluxo até o oceano, formando altas paredes de pedra de ambos os lados e desaguando na charmosa baía da cidade balneária. Os rochedos desta região são muito porosos, originando várias cavernas e reentrâncias. Uma rica senhora da capital, no início do séc. XX, criou a irmandade das agostinianas, e construiu uma escadaria nas rochas que levava a uma gruta usada pelas freiras para tomarem banho de mar sem ser vistas por estranhos. O meu objetivo mais imediato, no entanto, ficava do outro lado da baía e descobri que para atingir a torre de defesa construída em 1650 pelo grão-mestre Lascaris havia uma série de degraus conduzindo a uma ponte que atravessava uma pequena ravina. Sobre esta parte do promontório, onde ficava a fortificação para alerta contra possíveis invasões, comecei meu passeio sobre os majestosos penhascos. No início o caminho era claro e pude seguir as recomendações do GPS com facilidade. Em alguns pontos, contudo, a rota ficava confusa e precisei fazer diversos retornos. Por quatro ou cinco quilômetros pude andar pelo topo dos penhascos, cruzando, vez ou outra, com alguns caminhantes. Quando os campos passaram a ser separados por muros baixos de pedra, percebi que estaria eventualmente passando por propriedade particular e segui até o mais longe possível, quando fui barrado por um muro intransponível, poucas centenas de metros antes do objetivo definido. Com alguma dificuldade para encontrar uma saída para logradouros públicos, precisei de várias tentativas até completar a volta mais longa que me levou ao penhasco Ta' Cenc, um ponto atrativo local, com mirantes naturais oferecendo vistas grandiosas, tanto das pedras quanto do mar. Ali perto também, meio escondido e exigindo atenção para ser percebido, ficava o Dolmen Ta' Cenc, uma construção fúnebre da Idade do Bronze numa zona arqueológica aberta. Desta forma encerrei a parte aventuresca do dia e a atração seguinte ficava na elevação após uma baixada. A Catedral de São João, conhecida como Rotunda, é a maior igreja de Gozo e tentava rivalizar com o templo similar em Mosta, na ilha principal, que ainda não visitei. Mais uma vez, meu principal objetivo em entrar na igreja era encontrar uma tomada e, neste sentido, funcionou. Havia várias. O que não funcionou foi o carregamento em si. O adaptador encaixou normalmente, porém não passava eletricidade para o celular. Estas tomadas sofisticadas geralmente têm um botão liga/desliga do lado, que não surtia efeito em qualquer das posições. Imagino que houvesse uma chave geral para liberar energia para a instalação. Adotei exatamente o mesmo procedimento no centro comercial em que fica o supermercado que tenho utilizado. Lá funcionou, porém já estava do lado de casa e não fazia mais sentido aguardar uma hora para fazer o que poderia fazer alguns minutos mais tarde ao lado da cama.