Às 2:00 h fui dormir extremamente frustrado com a internet, sem ter conseguido nenhum resultado palpável. Dormi profundamente até 7:00 h, quando não pude deixar de fazer nova tentativa. Surpreendido, pude realizar todas as transferências, se bem que de forma cuidadosa, cinco imagens por vez, por excesso de prudência. Usei apenas quinze minutos na tarefa e outro tanto para conferir tudo o que havia feito. Na noite anterior havia andado pela casa toda à procura de um local com algum fiapo de recepção sem encontrar nada. Só para descobrir que nem precisaria ter saído da cama. Da primeira vez que fiz a conexão ali não havia tido sucesso algum. Menos desanimado, precisava agora lutar contra a preguiça. Caí no sono e acordei várias vezes, até levantar definitivamente pouco antes do meio-dia. Como havia intuído ontem o dia não seria muito proveitoso. Ontem também adquiri o segundo hematoma da viagem. O primeiro havia sido uma ponta de sangue pisado quando prendi o dedo ao levantar o braço escamoteável do banco do avião. Na nova residência notei a sabedoria das palavras do Luka ao raspar por diversas vezes a cabeça enquanto subia a íngreme escada para o quarto. Ela é quase vertical e o início não comporta a altura de uma pessoa totalmente ereta. Passei a última parte da manhã tentando espantar o dolorido da musculatura das coxas. O apartamento não permite perceber a condição do céu logo cedo por causa dos vizinhos mais altos, apesar da varanda com vista para um quintal com grandes árvores. Apenas com o astro mais levantado foi possível verificar que ele brilhava, apesar das nuvens que acompanharam minha entrada na cidade ontem à noite. Finalmente, às 13:00 h, consegui juntar forças para sair. Visitei inicialmente a rodoviária para conhecer alguns destinos e horários. A primeira hora foi usufruída no centro histórico e o movimentado porto, com pequenos barcos angariando interessados para passeios pela costa. Apesar de ainda ser o começo do verão o movimento turístico é bastante intenso, especialmente de alemães. Subi a colina em que se amontoa o centro velho. No cume ficam as muralhas e fundações do forte veneziano do século XVIII e a igreja Catedral de Santa Eufêmia, com seu característico campanário, refletindo o da Praça de São Marcos em Veneza. As vistas dos mirantes são magníficas. Caminhar pelos becos e escadarias de Rovinj requer especial atenção no calçamento escorregadio. Chão molhado deve ser um horror. Às 15:00 h virei para o outro lado da baía, pretendendo caminhar até a curva no fim do Cabo da Cruz. A parte inicial urbana é dominada por uma esplanada com marinas de onde partem os barcos rápidos para Veneza. Imagino que a travessia não deve levar mais de duas horas. Após entrar por algumas vias asfaltadas tinha início, segundo o mapa eletrônico, um extenso trecho pontilhado, que imaginei ser uma trilha. Não estava muito errado. Mas a pavimentação era de concreto, provavelmente mantida pelos hotéis e bares da região. Algumas áreas abertas permitiam acesso ao mar no característico sistema croata de calçadas de cimento com escadas de piscina no final. A Croácia tem muito pouca areia e as praias são cimentadas, em regiões mais frequentadas, ou simplesmente forradas por cascalho ou formadas por grandes rochas. Após a parte asfaltada junto ao comércio, tinha início uma estrada de terra para carros, com diversos estacionamentos perto da água. Seguindo paralelamente ao litoral, mais próximo das pedras, havia uma trilha pelo meio da floresta que cobre o centro do cabo. Optei pela terceira via, caminhando diretamente sobre os baixos penhascos, em trechos lisos ou mais acidentados. Banhistas usam toda essa orla. No final do percurso existe uma famosa praia de nudismo. A atividade é praticada amplamente por croatas e turistas, havendo mesmo áreas de camping para os adeptos. A região da Ístria, peninsula triangular quase na fronteira da Italia é o local onde elas são mais frequentes, porém estão também espalhadas pela resto do país. Comecei o retorno por volta das 17:30 h e, após meia hora resolvi aproveitar um pouco do agradável sol. Essa é a primeira viagem que realizo como sexagenário e o peso da idade já está bastante presente. Descobri que poderia utilizar o tempo ocioso e monótono sobre as pedras para realizar exercícios de alongamento, influenciado, talvez, por um passageiro que passou a manhã no chão do aeroporto de Dubai lançando mão de diversos equipamentos como cama para a lombar e gancho para massageamento da parte de trás das pernas. Às 19:30 h iniciei a última parte do percurso pensando no encontro para pagamento do Luka meia hora mais tarde. A reunião seria numa das pousadas por que passei ontem à procura das chaves. Vários endereços são administrados pela mesma empresa, e parece que lá é um dos principais. Pelo menos eles têm máquina para cartão. A sessão de relaxamento aliviou bastante as costas. Contudo, subir e descer degraus continuava um tormento pois descuidei dos exercícios para as coxas. Antes de sair da praia decidi digitar as informações do diário e acabei me atrasando. Quando cheguei no estabelecimento marcado meia hora depois do combinado, descobri que o Luka não havia estado lá desde 17:00 h. O recepcionista disse que ele não costuma esquecer compromissos e tentou encontrá-lo por telefone, sem resultado. Aproveitei alguns minutos na rua para acessar o wifi, que tem a mesma senha e aqui é muito bom, e enviar os arquivos. Entrei num supermercado para abastecer a geladeira e voltei para o apartamento. Tive que dar um monte de voltas porque não lembrava da localização. Foi bom ter usado clandestinamente a internet anteriormente já que a minha estava falhando bastante.