Em mais uma dia de mudança havia combinado com a Poppy de pegar o ônibus das 10:45 h para Argostoli deixando a chave na porta. No entanto, analisando a tabela de horários, percebi que a segunda ligação sairia uma hora mais cedo e a seguinte apenas depois das 15:00 h. Não adiantava chegar com muita antecedência por causa do check-in e também não adiantava esperar muito tempo porque, além da preocupação, não teria o que fazer. Com todo esse problema logístico achei melhor pegar a primeira condução do dia, às 8:30 h, já que ia ter que esperar de um lado ou do outro. O motorista saiu com quinze minutos de atraso porque vinha do porto e teve que esperar uma balsa que demorou. A viagem era mais direta do que havia imaginado, por uma estrada quase reta que faz a travessia de uma montanha. Só precisou subir e descer e uma hora depois da partida já estava na rodoviária da cidade bem maior e, aparentemente, muito mais turística. O hotel ficava a pouco mais de um quilômetro e eu resolvi ir logo para ver se tinha algo pronto para mim ou, na pior das hipóteses, deixar a bagagem em algum canto. Argostoli é mais uma cidade pendurada no morro e a hospedagem fica nas alturas. Descobri desde ontem à noite andando no quarto de Sami que o sapato de praia não é dos itens mais confortáveis e um chinelo já estava fazendo falta. Como saí cedo não me preocupei em procurar uma loja para comprar o novo par mas não poderia adiar a providência por muito tempo. Mesmo com o solado de borracha dá a impressão de estar pisando direto no chão e não me acostumo mais com calçado totalmente fechado. Na recepção a Anna já estava atendendo um casal italiano e pude pressentir alguma sorte. De fato, os quartos já estavam arrumados e pude verificar as instalações imediatamente. Ela também me deixou pagar pelas cinco noites no ato. O apartamento é ótimo como os anteriores e acho que não vou ter problema com a internet. Após uma hora desempacotando o necessário e estudando o mapa eletrônico, saí para o passeio inicial. Logo na esquina vi um supermercado que dizia ser também bazar. Contudo não trabalhava com o item de que necessitava. A descida por trezentos metros até o plano me colocou na esquina da rua comercial exclusiva de pedestres onde pude aliviar os pés do abafamento escolhendo uma dentre as diversas lojas com o produto simples. Esse também não tem marca e é em tudo menos a cor igual ao antigo. Vamos ver qual sua vida útil. Aproveitei ainda a presença de uma filial da companhia de navegação para imprimir os cartões de embarque das próximas travessias. A capital de Kefalonia fica numa península banhada por baías dos dois lados e a ponta serve de passagem entre a interna e a externa. Tem um formato parecido com um dedo e, após a troca por calçado mais confortável, iniciei a caminhada em direção à unha através de um parque no meio de um bosque de pinheiros com canto ensurdecedor de centenas de desocupadas cigarras. O fato interessante sobre a ponta, que está na região chamada de Fanari, é a existência do sumidouro em Katavotres (leia catavótres) que supre o canal subterrâneo natural que ressurge na área dos lagos em Sami. A água percorre 20 km sob o solo e emerge no Lago de Melissani e, pouco mais à frente, no de Karavomylos. Na costa oposta, que defronta a cidade de Lixouries (leia liquisurí), existe um conjunto de belos penhascos que seriam locação certa de um banho de mar se o tempo não estivesse tão apertado. Segui pelo lado externo do dedo até às imediações do aeroporto, onde estão localizadas várias praias urbanas. Todas de areia e com muita gente. Acabei mudando de ideia alguns quilômetros antes da pista de pouso e, para não repetir o caminho, escolhi uma rota que parecia ser mais ou menos paralela, só que seguindo pelo interior. Ficou claro apenas depois de ter percorrido a maior parte da subida que teria que passar por dentro de um condomínio privado com várias vilas para aluguel de temporada. Apesar do sinal indicando passagem permitida somente para hóspedes continuei o percurso e saí pelo estacionamento que caía na via que voltava para o centro. Depois de parar no mercado da esquina entrei no quarto às 17:00 h.