Saí às 8:45 h com um vago desejo de caminhar até o Jardim Botânico, do outro lado da cidade. Como não parecia muito longe e era a única mais ou menos planejada atividade do dia resolvi ir antes ao Parque Enriquillo para continuar a busca por informações de transporte. Os funcionários sonolentos não se interessam muito em ajudar e é preciso perguntar em vários lugares para chegar a alguma conclusão. Voltei para o centro e entrei na rua que leva ao imenso Palácio Nacional, sede do governo dominicano. Segui então para a maior empresa de transporte rodoviário onde, enfim, pude entrar num terminal decente. Só que eles atendem apenas parte do país e a próxima etapa, Punta Cana, fica fora de sua esfera de atuação. Ali perto se encontra uma grande área verde que sedia muitas das federações desportivas. As quadras e campos das diversas modalidades estavam bastante concorridas, talvez por se tratar de domingo. As alamedas, porém, eram um deserto. Num canto do parque olímpico fica o estádio de basebol, esporte nacional. A seguir, depois de uma caminhada longa, cheguei ao Jardim Botânico, caro, descuidado e com pouca sinalização, apesar de grande e completo. Descobri mais tarde que havia pago o preço de visitante estrangeiro. Circundei o parque por uma longa estrada que tinha bastante lama. Alguns barris indicavam que o trecho estava em manutenção porém não impediam a passagem. Acho que fui o único que passou por esse pedaço. Retornei ao circuito mais frequentado e visitei o belo jardim japonês, o pequeno borboletário, um ambiente com muitas plantas aquáticas e o pavilhão despovoado de cactus e suculentas. Pelo mapa percebi posteriormente que deixei de apreciar o recinto das samambaias, o das orquídeas e o das bromélias por falta de indicação adequada. Após duas horas de visita fui para o exterior, em direção ao oceano. Pouco antes de atingir a costa deveria atravessar a extensa tripa verde que segue paralela ao Mar do Caribe por vários quilômetros. Decidi entrar no parque e continuar até a extremidade mais próxima do centro e então pegar a avenida litorânea. Apesar de não poder chamar está cidade de praiana, a avenida construída sobre penhascos rochosos baixos, que tem o apelido de Malecón, como em qualquer lugar de fala hispânica, apresentava um ar festivo e agitado, com muita gente aproveitando o fim de tarde sob as árvores de diversos mini parques. Pequenas baias com fundo de areia só eram frequentadas por alguns moradores de rua. É uma pena que toda a costa seja muito suja e forrada de lixo, tanto no mar quanto em terra firme. À medida que me aproximava do centro fui chegando perto das grandes e ameaçadoras nuvens escuras. O dia foi bastante ensolarado mas parece que o início da noite não seria tão calmo. Nos últimos quarteirões caminhei sob pingos e tive que me abrigar sob marquises quando as encontrava. Após entrar no apartamento podia ouvir a tempestade que me poupou por pouco.