Ao contrário dos dias anteriores, a manhã ensolarada não estava fria. Não consegui colocar a chave no pequeno cofre que ficava do lado externo da porta e larguei em cima do balcão da cozinha. Levei vinte minutos para completar o quilômetro e meio até o terminal, onde cheguei uma hora antes da saída do primeiro trem do dia para Budapeste, local da conexão. Fiquei com um pouco de receio e resolvi comprar a passagem para Viena para sair da Hungria em oito dias. De lá teria que fazer a troca para Graz, onde havia reservado alojamento por três noites. Fiquei na dúvida entre dois horários pela manhã e optei pelo mais perto da hora do almoço para poder caminhar até o terminal sem pressa. Com isso deveria chegar no destino mais tarde do que o normal. O dia seria totalmente tomado pelos dois trajetos. Os dois de hoje eram um pouco mais curtos. O inicial com duas horas e meia e a continuação com uma hora e meia. Chegaria em Eger (leia Éguer) pouco depois do prazo para abertura da recepção. Dessa vez, a fiscal, além de conferir a reserva, consultou também a identidade. Era uma ótima iniciativa ser obrigatória a reserva de assentos e, apesar disso, os passageiros faziam a maior confusão ao escolher poltronas aleatórias e, posterirormemte, ter que ceder o lugar para o dono legítimo. Quando cheguei em Budapeste ainda deu tempo de comprar dois salgados antes de entrar no trem de dois andares que estava esperando na plataforma. Não era possível comprar reserva de lugares nesta ligação e cada um sentava onde queria. Escolhi um conjunto de quatro poltronas no andar de baixo, ao lado do espaço das bicicletas. Como o único lugar para armazenar a bagagem era um espaço extremamente apertado acima dos assentos, tive que largar a mochilona na cadeira da frente. Esperava que não fosse lotar, e pudesse manter minhas escolhas sem ninguém reclamar. Mas era local e pinga-pinga. A inspetora passou logo no início do trajeto e deu uma olhada rápida no meu cartão de cidadão português. Ainda não me conformava de viajar de graça. Os passageiros só desciam. Não tive que me estressar mais com minha folga com a ocupação. A chegada foi perto das 15:00 h e, além da volta desnecessária que fiz por sair do lado errada da estação, também tive um pouco de dificuldade de encontrar o hotel. Havia marcado o lugar meio deslocado no mapa, mas a propaganda que apontava o caminho ajudou. Era um prédio grande, onde acho que havia outras coisas além do hotel. Pelo menos foi a impressão que o zelador no térreo me gerou, quando ele falou que deveria subir ate o sexto andar. Cheguei lá e vi uma placa dizendo que a recepção era dois andares abaixo. Desci e a recepcionista me levou para cima novamente. Quando eu falei que ia subir pela escada porque era bom para as pernas, ela disse que Eger era boa para as pernas, aparentemente porque tem que subir bastante. Depois de me instalar saí às 17:00 h para um rápido reconhecimento. A cidade pareceu extremamente simpática, com um pequeno córrego passando pelo centro e um Castelo meio escondido pelo casario. Entre na praça central para veriricar o supermercado, no entanto, ele havia acabado de fechar, por ser domingo. Pesquisei o mapa eletrônico e encontrei outro fora do centro. Se não estivesse aberto pelo menos teria acrescentado quilometragem à tabela raquítica. Fechava uma hora mais tarde e pude comprar alguns poucos itens, lembrando que teria que carregar tudo de volta por alguns quilômetros. Na volta passei por um alto minarete com um mirante no topo. Perguntei se eles aceitavam cartão e a resposta foi negativa. Talvez valesse a pena sacar algum dinheiro para a visita. Achei que quatro noites na cidade fosse ser muita coisa, porém parece que não há falta de passeios. E talvez alguma caminhada mais longa.