Consegui levantar um pouco mais cedo para pegar o trem das 8:05 h para Termoli (leia térmoli), uma cidade a 1:20 h para o sul de Pescara. Pelo jeito saí do quarto cedo demais porque além do sol estar apenas levantando, ainda tive que esperar na plataforma por 25 minutos depois de comprar a passagem na bilheteria automática. Após uma viagem meio chata, cheia de longos túneis e poucas vistas do litoral, cheguei em Termoli sem qualquer ideia do que esperar. Logo na saída da estação peguei uma rua que me levou até a beirada de um penhasco todo construído que mostrou que a cidade estava dividida em partes alta e baixa. Após algumas voltas encontrei uma forma de descer e cheguei numa longa e larga faixa de areia sem atrativos aparentes, além de sufocante pela falta de brisa. Voltei para o lado do centro e já estava pronto para declarar a cidade sem graça quando me deparei com uma torre medieval restaurada. Notei então que havia um simpático setor histórico no topo de uma pequena colina. A praça central com a Catedral era o ponto de convergência das ruas tortuosas e estreitas e uma avenida por cima das muralhas circundava o casario proporcionando bonitas paisagens do porto, da marina e das praias. Mais uma bela torre adornava o outro canto do bairro antigo e dali desciam escadas e rampas para além dos muros, dando acesso às praias da parte nova. Tentei seguir pela orla mas aqui não tinha calçadão e os bares e clubes de costas para a avenida estavam voltados para o mar e a inevitável quantidade de atividades organizadas nesse tipo de lazer. No preparativo do roteiro havia selecionado uma praia cercada por bosques de pinheiros a aproximadamente dez quilômetros e pensava em completar o percurso a pé. A preguiça e a estrada projetada sem os pedestres em mente me fizeram imaginar a possibilidade de voltar de trem por uma parada, de onde o acesso à floresta seria mais curto. O próximo comboio retornava em pouco mais de duas horas, o que me deixou tempo suficiente para visitar a cidade antiga e andar por suas ladeiras. Um trajeto de dez minutos até a estação anterior me deixou próximo de uma das trilhas que levavam à praia de Petacciato, onde cheguei por volta do meio-dia, após andar por outros vinte minutos entre as árvores. O forte vento esteve no limite superior do suportável. Foi muito refrescante enquanto não espalhava a areia, mas nas poucas vezes que isso acontecia eu virava um croquete. Passei o resto do dia mastigando os grãos salgados. Saí do meu abrigo improvisado por visitantes anteriores entre alguns troncos secos com uma hora de antecedência e entrei na estação despovoada trinta minutos antes da partida do trem para Pescara. Quando cheguei no quarto e comecei a fazer a transmissão dos arquivos do dia levei um tremendo susto. Não sei se foi por causa da qualidade precária da internet ou deu algum problema no servidor que armazena meus dados. O aplicativo que faz a conexão e transfere as informações para a nuvem não conseguia realizar a autenticação da minha senha e, desse modo não conseguia enviar nada. Pensei num monte de possibilidades e cheguei a tentar abrir uma chamada técnica na Locaweb, que fornece o serviço. Tudo em vão e nada estava funcionando. Quase desesperado percebi que estava dependente de um único elo fraco. Quando fiz a mudança da empresa anterior notei que estava mais limitado, com apenas uma forma de comunicação. No UOL eu pelo menos tinha uma maneira lenta e trabalhosa, mas alternativa, de realizar as transferências em caso excepcional. Já havia me apercebido desse ponto limitante porém não cheguei a investigar uma maneira adicional de trabalho. Com o apagão momentâneo de hoje ficou clara a minha vulnerabilidade, contra a qual não havia nada a ser feito. Achei que fosse passar o resto da viagem dependendo apenas de e-mails.