Mais um dia de dúvida cruel. A previsão de tempo nublado parece que coincide com as condições reais e praia é atividade descartada. Pelo menos hoje ainda deve ficar seco. As alternativas ficavam entre não fazer nada na cidade ou pegar o ônibus das 8:30 h para conhecer o outro lado da ilha. Certamente a segunda opção soava muito mais proveitosa, mas eu resolvi sentar num banco da estação para aguardar um horário mais próximo da partida antes de decidir. Me juntei aos demais dez viajantes para fazer o trajeto mais longo, até Jelsa (leia iélssa). Na cidade grande da metade do caminho, Stari Grad, após meia hora de viagem, foi necessário trocar de veículo para a linha que completaria o percurso em mais vinte minutos. Essa demora toda para trafegar por uma distância de apenas sete quilômetros aconteceu por que o motorista vai por uma estrada nas montanhas passando por pequenas vilas. Jelsa é um simpático e pacato vilarejo à beira de uma baía, com um ar turístico despretensioso. Se tivesse feito a lição de casa corretamente teria descoberto que daqui parte uma excursão de barco para a ilha vizinha de Brac (leia bratch), onde se encontra uma das praias famosas da Croácia e frequente presença na lista de mais bonitas da Europa. Quando comecei a caminhar pelo porto, pouco após ter chegado na rodoviária, as duas escunas que visitam a vila de Bol estavam de saída. O horário teria sido perfeito. Contudo este é um passeio de dia inteiro e, como a travessia não deve levar mais do que uma hora, creio que teria tempo demais para gastar do outro lado do mar até voltar às 17:00 h. Após quarenta minutos andando pelo acolhedor balneário entrei na calçada litorânea que leva à enseada seguinte em Vrboska (leia virbósca) para aproveitar o terreno plano e o sol escondido. A calçada virou trilha e se transformou em estrada tranquila até completar os três agradáveis quilômetros pelo interior do bosque de pinheiros. Ia continuar pela rodovia principal até Stari Grad, porém coincidiu de o ônibus estar chegando no exato momento em que me preparava para sair da cidade. O sol estava voltando e o caminho pela estrada parecia ser chato, além de longo. Não hesitei em pegar a carona de quinze minutos. Como tudo em Hvar as passagens de ônibus são bem caras. Da mesma forma que grande parte das localidades croatas que visitei até agora Stari Grad também tem um posição geográfica privilegiada. O centro se prolonga às margens de um pitoresco braço de mar que deságua na grande baía e no oceano. A cidade completou 2.400 anos de existência em 2016 e existem diversas escavações arqueológicas nas imediações. Colonizadores da ilha grega de Paros fundaram o entreposto com o nome original de Pharos. Um arqueólogo famoso colabora com seu mausoléu para incrementar as atrações turísticas da charmosa estância. A praça central se desenvolve em torno da casa fortificada de um aristocrata e poeta medieval e dá acesso à Igreja de São Roco, patrono da cidade. As residências são cenicamente mantidas ao longo das vielas. A igreja mais imponente é a de Santo Estêvão ao lado do Campanário. Tentei visitar o local da fundação original da cidade pelos gregos mas a área estava fechada. Aqui eles também têm a mania de interromper as atividades no meio da tarde e só recomeçar no final do dia. Pouco antes das 14:30 h voltei para o terminal rodoviário para entrar na condução de retorno para a cidade de Hvar.