Cheguei às 9:30 h na estação para falar com algum atendente na bilheteria. Continuava fechada e não tive oportunidade de usar a bela frase que passei a noite ensaiando. Após consultar vários papéis, a primeira passagem impressa e as segundas no aplicativo da SNCF, companhia francesa de trens, pude confirmar que havia realmente emitido dois lugares para o mesmo destino final. Tinha três horas antes da partida do trem para a conexão de 20 minutos em Vierzon, que distava uma hora e meia. Sempre tinha alguém tocando uma música agradável no piano à disposição do público e a rede Wifi era um passatempo de ótima qualidade. Se a bilheteria não abrisse antes de prazo limite, iria usar a passagem extra no trem Intercités com duração de três horas e descartar a original. A máquina me convenceu a alterar a intenção inicial e reservei uma poltrona na janela da primeira classe, com um sobrepreço de € 9,00. Depois de navegar bastante, tive que redefinir a data de nascimento no cadastro, sem sucesso nas diversas tentativas. Na cidade intermediária fui alertado pelos painéis do atraso de cinco minutos do transporte para o destino final em Brive-la-Gaillarde, um daqueles lugares que, sem o sobrenome, pode conduzir em direção totalmente distinta. O dia esteve completamente nublado desde a partida de Tours e, apesar do frio que me fez tremer na plataforma, foi emitido alerta de forte calor e tempestades. Encontrei um setor de espera envolvido por vidros que ajudava a cortar o vento. No vagão especial, a poltrona era realmente bem mais larga e muito mais confortável. A dúvida era se valia o acréscimo. Achava que sim, em casos de trens lotados. O de hoje não parecia muito concorrido, apesar de não ter passado pela segunda classe. Nem todo mundo estaria disposto a gastar mais. Também acho que a reserva de lugar era obrigatória, então não haveria temor de viajar de pé. A ligação oferecia acesso Wifi e, por curiosidade, entrei no aplicativo de transmissão de arquivos. Não funcionou. Foi difícil manter os olhos abertos com aqueles sacolejos e uma paisagem meio monótona. Não foi proposital, porém a chegada do trem em Brive foi apenas uma hora após a abertura da recepção do hotel. Ou talvez tenha sido, inconscientemente. Havia três ou quatro saídas na parte de manhã, mas optei pela do início da tarde, já sabendo que teria que chegar depois das 16:00 h. Uma hora antes da entrada no destino o sol começou a aparecer. O piloto fez uma parada de duração indeterminada por causa da passagem de um trem de carga. A boa notícia anunciada foi de que em poucos minutos seria retomada a jornada. O relevo estava ficando bem mais acidentado, com alguns túneis e elevações nas imediações. Nenhum dos dois trechos foi fiscalizado por bilheteiros. O trem parou no terminal às 17:00 h e só precisei atravessar a rua para chegar ao hotel. Os trâmites na recepção foram rápidos e apenas tive que pagar a taxa turística. O pagamento das diárias já havia sido debitado no cartão seis dias atrás. Achei que fosse ter ajuste porque o valor na reserva era maior, porém o recepcionista não falou nada. A primeira coisa que fiz no quarto foi verificar a internet e consegui acessar o aplicativo para transmissão, que tem sido minha obsessão ultimamente. Saí para o reconhecimento da vizinhança e passei pot algumas igrejas, o Palácio de Justiça e a Midiateca, que agora eles não chamavam mais de biblioteca. Brive é um local simpático mas não parece muito turístico. Falei o mesmo de Blois e depois mudei de opinião. Quem sabe aqui aconteceria coisa semelhante. Segui então para o supermercado grande longínquo, não tanto pela vantagem nos preços ou variedade de produtos, mas para acrescentar um pouco de quilometragem e compensar as horas sentado. Quando fiz o registro, o recepcionista avisou que a partir das 20:00 h a entrada era por uma porta no topo da escada externa, que poderia ser aberta com o código que ele anotou num cartão do hotel. Na volta das compras já estava tudo fechado. Tentei o código várias vezes, sem efeito. Desci novamente para ver se encontrava alguém, porém era claro que havia terminado o horário de trabalho. Foi então que reparei na escada menor que levava ao teclado correto.