Continuei contando meu drama para outros bons ouvidos, sempre recebendo a mesma cara de interrogação. A última vendedora que me ouviu atentamente sugeriu que eu fosse ao Terminal B falar com o filipino Vincent, o expert, em outra loja da Samsung. Peguei o trem interno e em poucos minutos perguntava pelo funcionário. Ninguém conhecia. Finalmente alguém falou que ele trabalhava em outro setor algumas portas à frente. Repeti o enredo mais uma vez somente para ouvir a mesma incredulidade dos demais. Ele conseguiu dizer que devia ser um problema do software. Bem perpicaz! O conselho que podia oferecer era que eu procurasse uma assistência técnica. Ótima dica! O enigma teria que aguardar alguma decifração na Antiga Grécia. Ao menos consegui definir a circunstância e, apesar de ela ser, aparentemente, totalmente aleatória, acredito que ocorra em uma fração pequena das imagens, pelo ocorrido até agora. Vou ter que ficar mais atento para perceber quando devo repetir a captura. Por enquanto, é o único paliativo e os exemplos problemáticos vão ficar total ou parcialmente invisíveis no album até resolução mais definitiva. Por segurança estou salvando tudo em uma pasta adicional, com o tamanho original, sem redução, aproveitando que o espaço de armazenamento deste novo aparelho é bem grande. Como o portão de embarque ainda não havia aparecido nos painéis informativos, procurei uma cadeira confortável no terminal para o qual havia me mudado, que estava bem mais movimentado que o anterior. Até surgir nova informação pretendia ficar desestressando e talvez tentasse dormir por algumas horas. Não dava para relaxar, contudo, enquanto não descobrisse em que terminal tinha que esperar. Além disso minha vizinha não parava de falar no celular e eu estava de olho no poste de tomadas para recarregar o celular na sala ao lado. Teria que abandonar a cadeira concorrida que ficava num corredor muito movimentado, inclusive com diversos carrinhos e carrões de golfe, que também era barulhento e trepidante. Só faltava coragem para levantar. Finalmente consegui e recomecei a andar. Primeiro atrás das telas que ainda não indicavam meu voo e parecia que assim continuariam por mais uma hora, ao menos. Não havia desistido da tomada, e após ser quase atropelado várias vezes pelos motoristas que não respeitam sua faixa de tráfego e dirigem com a mão na buzina, percebi que as tomadas que funcionam são apenas as que contam com grande quantidade de usuários em volta. Encontrei uma cadeira vazia ao lado de um poste e só consegui obter força posicionando a mochilinha como peso sobre o aparelho de péssimo contato. Enquanto caminhava pelo terminal continuava fazendo testes fotográficos e resolvi fazer uma tentativa mudando o local de armazenamento do cartão de expansão para a memória principal. Não acreditava muito no truque, mas valia a pena tentar qualquer recurso. Desde que a comprei, tenho desconfiado desta extensão e foi só recentemente que a Andréa descobriu que ela teria que ser formatada. Às 4:00 h, quando teve início o chamado para as orações muçulmanas, a carga da bateria foi completada. A espera cansativa teve fim às 10:30 h com o início do embarque no Boeing B777-300. Fiquei na janela da última fileira, que tinha apenas dois assentos, mas acho que não sobrou nenhum lugar vazio, como costuma acontecer na Emirates. A estimativa para a duração da viagem até Atenas é de 4 horas e meia e imagino que o trajeto seja muito semelhante ao do ano passado. Dessa vez eu estava mais preparado e pude avistar as Pirâmides perto do centro do Cairo. Depois de sobrevoar Creta e outras ilhas, quando a visibilidade foi prejudicada pela bruma, o comandante iniciou o procedimento de descida na capital grega. A temperatura anunciada era de 32° C e o pouso ocorreu às 14:30 h, meia hora antes do que o planejado. Ao contrário do que pensei e do que aconteceu um ano atrás, o avião parou junto a uma passarela e os passageiros não precisaram descer na pista. Desse modo, apenas a porta dianteira foi utilizada e eu fui dos últimos a sair. A fila da imigração estava longa mas andou rápido. A única pergunta foi se eu estava chegando na aeronave da Emirates. Ganhei um carimbo sem mais burocracia. O que me preocupava, no entanto, foi o aviso sonoro que ouvi pela metade quando aguardava minha vez de falar com a policial. Pelo que entendi os trabalhadores da área de transporte estavam parados. Minha ideia de pegar o metrô como da vez anterior foi por água abaixo. Ao sair para o saguão ouvi um turista perguntando a um funcionário sobre o ônibus de ligação com a cidade e percebi então que a greve era apenas nos trilhos. Comprei a passagem para o centro e segui para a fila desorganizada, extremamente longa e carregada de volumes imensos. O motorista também demorava a aparecer. Tive então a brilhante ideia de entrar no veículo de outra linha que estava no ponto de trás. Quase me arrependi quando vi o onibus original chegando e acomodando a maior parte dos passageiros. Logo depois chegaram mais dois da mesma linha e o meu não se movia. Pensava que imaginava para onde ele ia, mas não estava absolutamente certo. Já havia estado, em viagem anterior, na estação de ônibus pela qual ele passa e não sabia que era exatamente para onde eu tinha planejado ir depois de me instalar no hotel. A primeira tarefa na cidade seria comprar uma passagem para sair da cidade e eu pude aproveitar o golpe de sorte de ter desdenhado o ônibus de rota conhecida para a praça central e trocado por esse de caminho duvidoso. Só achava que deveria ir até o ponto final mas o GPS e a relativa familiaridade com a zona, além do fato de quase todos que viajavam juntos terem descido me convenceram a também deixar o ônibus. Após indagar no guichê de informações sobre onde ficava a companhia que vai para o destino escolhido, comprei o bilhete para a manhã de quinta-feira. Isso me fez economizar uma caminhada de volta e ida do hotel, além de ter garantido o futuro imediato. Pude também me certificar de que o cartão pré-pago com os euros continua funcionando, o que sempre me apavora quando inicio uma viagem. Percebi pouco antes de descer da condição que o bolso da mochilona estava aberto e a carteira que carrego lá dentro havia desaparecido. Não me desesperei porque ando com o necessário, principalmente na mochila pequena e também espalhado pelo resto da bagagem, mas precisei começar a fazer o inventário do que desapareceu. Além de alguns cartões velhos da Livraria Cultura e da Telefônica da época em que eu tinha que usar orelhão se não estivesse em casa, alguns documentos faziam parte da relação: a CNH, que achava que pudesse vir a precisar na remota eventualidade de querer alugar um quadriciclo para facilitar o deslocamento nas ilhas e a Carteira de Identidade, que vai precisar de segunda via. No caso da carta de motorista foi até bom porque agora recebo uma com o código de barras necessário para gerar o documento eletrônico para instalar no celular. Também havia um Bilhete Único para uso no transporte público de São Paulo com R$ 140,00 de crédito e trocados no total de R$ 150,00. O que mais incomodou foi a perda da chave de casa, que vai obrigar alguém a abrir a porta para mim quando eu voltar em setembro. O conteúdo só pode ter sumido num dos aeroportos enquanto a bagagem trafegava pelas entranhas dos terminais. É impossível saber em qual deles mas acho que o de Cumbica leva grande vantagem. Segui por três quilômetros pela rua que levaria direto ao hotel reservado e confirmei mais uma vez a disponibilidade do cartão de débito. A máquina ou o operador não devem ser muito bons porque na primeira tentativa o recepcionista Dima não pôde efetuar a transação. É claro que tomei o fato como erro meu, dizendo que talvez não tivesse apertado adequadamente algum dígito da senha. O quarto é razoável e o que mais importa, que é a conexão com a internet, teve um desempenho inicial relativamente adequado. Contudo logo comecei a enfrentar dificuldades e acho que possa ter que me incomodar com a situação no futuro. Fiz um esforço para descer e visitar um supermercado nas imediações mas não pretendia me aventurar muito longe. Também não comprei muita coisa porque o café da manhã está incluído na diária. Ao voltar falei da rede com o Dima, que se mostrou surpreso (que cara-de-pau!) e sugeriu o uso da ligação no saguão do térreo, que pode ter melhor resultado. Fui gratamente surpreendido pela transmissão dos arquivos. Não foi super expressa porém não houve nenhuma interrupção, quando tenho que reiniciar o processo, frequentemente várias vezes. Não quero proclamar vitória antes do tempo mas as fotos de hoje não tiveram problema. Espero que a troca do local de armazenamento tenha suprimido os erros de pintura das imagens dos dois dias anteriores.