Levantei às 7:00 h e saí do quarto depois de meia hora para conferir as mensagens e notícias da internet na recepção. Apesar do desconforto de ter que me deslocar sempre que precisasse acessar alguma informação a rede era bem rápida e, como estava praticamente sozinho no hotel, não precisava dividir o sinal com ninguém. Pretendia fazer mais uma longa caminhada, dessa vez para o outro lado da baía, passando pela parte agitada da sequência de balneários. Antes das 8:00 h iniciei o percurso pela região erma do hotel com o sol já mostrando força, apesar da ligeira neblina. Após vinte minutos encontrei uma loja aberta que vendia água. Ao abrir a tampa ouvi a expulsão dos gases e se a sede não estivesse reclamando teria jogado o caro meio litro fora. O vendedor devia ser muito esperto ou ruim de matemática. Por € 0,70 comprei 500 ml e ele anunciava o garrafão de cinco litros por € 1,70. Por incrível que possa parecer o supermercado em que estive ontem não comercializava água e a da torneira é intragável, ao contrário de outras bicas da ilha. Passei pelo centro gastronômico de Herssonissos (leia rrerssónissos), com seus clubes, bares e tavernas acompanhando a avenida da orla dos dois lados. De vez em quando aparecia uma praia estreita cheia de espreguiçadeiras e guarda-sóis. Surgiu então a área dos mega hotéis que ocupam o litoral com gente espalhada por todo canto, principalmente nos refeitórios, aproveitando o farto café incluído nos pacotes que era servido naquele horário. Precisei passar pelas calçadas entre os hóspedes para não me desviar para longe do mar mas teve uma hora que isso ficou inviável e tive que pegar a rodovia interiorana. Na sequência apareceu o belo calçadão que descia o penhasco em direção à cidade de Stalida (leia stalída), um pouco mais tranquila e agradável que as anteriores. Sentei na mureta que protegia uma árvore para descansar um pouco e observar o movimento enquanto estudava os passos seguintes na direção de Malia (leia mália), mais um balneário repleto de turistas e das facilidades que nós apreciamos. Um pouco afastado do centro, depois de passar o porto, fica um dos quatro mais famosos palácios minóicos de Creta. Como já estava andando há mais de cinco horas e ainda queria conhecer outra praia para a frente, resolvi deixar a visita cultural para outra oportunidade e segui por uma estrada alternativa à rodovia principal por mais cinco quilômetros. A cidade de Sissi (leia síssi) foi uma completa surpresa. Não tinha nenhuma informação sobre o local e apenas havia lido sobre o passeio de barco cujo roteiro fazia uma parada no porto. A localização da pequena vila é fabulosa, com os hotéis e restaurantes cercando a linda Baía das Palmeiras. Com o itinerário completo em um sentido iniciei a volta às 14:00 h. Já fazia uma hora e meia que o sol fora encoberto mas o tempo esteve agradável para percorrer distância tão longa. Resolvi retornar pelas ruas e estradas pavimentadas, evitando a rota mais recortada do litoral, imaginando que teria mais facilidade em chegar ao fim do percurso. Por duas vezes as nuvens mais carregadas liberaram alguns pingos. De início foram apenas alguns mais grossos, que duraram poucos minutos e não exigiram procura de abrigo. No centro de Herssonissos já dava para chamar de chuva a água que caiu e me obrigou a tomar um sorvete de três bolas tentando aguardar a passagem da nuvem. Nem isso foi suficiente e comecei a andar sob a proteção dos diversos toldos existentes nas lojas de lembranças do centro. Fui assim até um grande supermercado e ao terminar as compras o sol já estava voltando. Completei os últimos cinco quilômetros com alguma dificuldade, numa subida interminável carregando os 8 kg de mantimentos.